Avenidas cortadas, aeroporto ocupado. Protestos contra condenação de independentistas tomam Barcelona
14-10-2019 - 16:24
 • Renascença

Milhares de catalães mobilizaram-se esta segunda-feira nas ruas de Barcelona, horas depois de conhecidas as penas de até 13 anos de prisão para ex-membros do Governo regional da Catalunha por causa do referendo de 2017.

A sentença foi conhecida esta manhã e horas depois do anúncio do Supremo Tribunal espanhol, centenas de independentistas catalães saíram à rua em protesto contra a decisão. Os principais dirigentes políticos envolvidos na tentativa de independência da Catalunha foram condenados a penas de prisão efectivas de 9 a 13 anos.

A sede do organismo Òmnium Cultural e a sede do gabinete do conselheiro para as questões territoriais do Governo regional foram os dois primeiros pontos de encontro para o início do protesto, que, entretanto, já chegou ao aeroporto de Barcelona e impôs o corte da circulação ferroviária nas linhas R11 e RG1.

Há registo de pelo menos 20 voos cancelados no aeroporto de El Part, onde o clima de tensão escalou nas última horas. Forças de segurança e manifestantes entraram em confrontos e pelo menos uma pessoa foi detida.

Imagens partilhadas no Twitter revelam, também, os primeiros sinais de violência nas ruas. Num vídeo publicado por Javier Torres, jornalista espanhol que dirige o programa Redacción Abierta, é possível ver um manifestante pró-independência a agredir uma mulher que exibe uma bandeira de Espanha.

O ex-vice-presidente da Generalitat, Oriol Junqueras, foi condenado, por unanimidade, a 13 anos de cadeia por delito de sedição e má gestão de fundos públicos.

Foram condenados a 12 anos de cadeia os ex-conselheiros da Jordi Turull (ex-conselheiro da Presidência), Raul Romeva (ex-conselheiro do Trabalho) e Dolors Bassa (ex-conselheira para as Relações Exteriores) por delitos de sedição e má gestão.

O antigo titular do cargo de conselheiro do Interior, Joaquim Forn e Josep Rull (Território) foram condenados a 10 anos de cadeia.

Jordi Cuixart, responsável pela instituição Òmnium Cultural, foi condenado a nove anos de prisão por sedição.

O Supremo Tribunal de Espanha reemitiu, ainda, um mandado europeu de detenção contra o antigo presidente do Governo catalão, Carles Puigdemont.

Os factos reportam-se a 2017 sendo que os magistrados entendem que os acontecimentos de setembro e outubro do mesmo ano constituíram crime de sedição visto que os condenados mobilizaram os cidadãos num “levantamento público e tumultuoso” para impedir a aplicação direta das leis e obstruir o comprimento das decisões judiciais.

Os únicos três ex-conselheiros da Generalitat julgados em liberdade - Santi Villa, Meritxell Borràs e Carles Mundó - foram condenados a 10 meses de multa.

O Governo de Madrid enviou, nos últimos dias, centenas de agentes para garantir a segurança em Barcelona, por temer as consequências para a ordem pública da já esperada condenação dos líderes políticos independentistas.