Crise política na Dinamarca por abate de 17 milhões de visons
20-11-2020 - 19:37
 • André Rodrigues com agências

Ministro da Agricultura demitiu-se, considerando que o governo não tinha base legal. Oposição pressiona a primeira-ministra para que se demita.

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A primeira-ministra da Dinamarca, Mette Frederiksen, está a ser pressionada para se demitir, depois da ordem que determinou o abate de 17 milhões de visons em todo o país.

No início do mês, o governo ordenou a erradicação destes mamíferos usados na indústria de peles na sequência de suspeitas de que eles seriam portadores de uma mutação do coronavírus, podendo, dessa forma, ameaçar o desenvolvimento de vacinas.

No entanto, o governo só tinha base legal para aplicar a medida nas regiões afetadas e não em todo o t país, situação que levou o ministro da Agricultura, Mogens Jensen, a renunciar ao cargo.

Desde a saída do ministro, a oposição tem pedido insistentemente que a primeira-ministra siga o mesmo caminho, o que, a acontecer, acabará por agravar a crise política.

"Quero que a primeira-ministra reconheça que, quando cometer um erro, a responsabilidade é dela.", disse o líder da oposição Jakob Elleman-Jensen, do Partido Liberal, tendo recebido, também, o apoio de outros partidos da oposição, incluindo o Partido do Povo Dinamarquês.

Outros setores do parlamento dinamarquês adotaram uma posição mais moderada, pedindo uma investigação independente para determinar se o governo infringiu a lei deliberadamente.

Seja como for, as autoridades de saúde da Dinamarca já disseram que a indústria de visons representa um risco para a saúde pública no país devido aos surtos generalizados em explorações agrícolas.

Sobre as dúvidas quanto ao potencial risco de mutação do coronavírus no desenvolvimento de vacinas, não existe consenso.

Anthony Fauci, epidemiologista-chefe da Casa Branca, que lidera o combate à pandemia nos Estados Unidos, já disse que a mutação detetada no vison dinamarquês não compromete as vacinas.

Já o Centro Europeu para Prevenção e Controle de Doenças salienta que ainda há "grande incerteza" em relação ao tema e que “são necessárias mais investigações são necessárias”.