01 out, 2024 - 13:01 • Diogo Camilo
Uma em cada quatro casas construídas desde 2006 está vazia e a razão por detrás do fenómeno é a especulação imobiliária. A conclusão é da investigadora do Instituto de Ciências Sociais, Alda Botelho Azevedo, que defende que Portugal não precisa de mais casas, mas sim de reabilitar as que já existem.
“Não precisamos de habitação, precisamos de reabilitação. Precisamos de tornar a habitação disponível às famílias, que os alojamentos vagos passem a ter a função de residência principal”, afirmou a investigadora da Universidade de Lisboa na Conferência "Habitar as Grandes Cidades", organizada pela Renascença, em parceria com a Câmara Municipal de Lisboa, referindo que existem 700 mil habitações vagas em todo o país e quase 50 mil só na capital.
Segundo um estudo que será publicado em breve sobre o tema, Alda Botelho Azevedo refere que mesmo num cenário de alta imigração, o número de famílias “será inferior ao de stock de habitação de Lisboa”, juntando os alojamentos familiares em residência habitual, secundária e vagos, que são 319 mil habitações.
Para responder ao problema, a especialista em demografia da habitação e envelhecimento demográfico defende também modelos como os que existem na Dinamarca, com a criação de associações de habitação sem fins lucrativos, que gerem parques habitacionais em que a construção é alimentada com as rendas das pessoas que estão a viver nesses fogos.
Segundo a mesma, esse regime permitiria a redução de preços de infraestruturas no local, referindo que Portugal está agarrado a modelos de habitação tradicional, de propriedade e arrendamento, quando podia olhar para fora e inovar.