04 nov, 2024 - 09:45 • João Malheiro , Daniela Espírito Santo
[Última atualização às 15:37]
É preciso decretar estado de emergência nacional em Espanha, sem mais demoras, e, se o Governo de Pedro Sánchez assim o fizer, o principal partido da oposição alinhará com o executivo. Quem o diz é Alberto Núñez Feijóo, o líder do PP espanhol: “Continuamos a solicitar uma emergência nacional e, se for decidida, têm o nosso apoio.”
Até à data, muito embora Feijóo se tenha referido várias vezes à tragédia valenciana como uma "emergência nacional", ainda não tinha pedido que fosse aumentado o nível de alerta da Proteção Civil ou sequer que a gestão da catástrofe fosse centralizada no executivo nacional.
O que agora pretende Feijóo, líder da oposição espanhola, é que o chefe do Governo espanhol retire ao governo autónomo da comunidade valenciana os poderes de gestão da emergência. Assim, esse comando passaria de Carlos Mazón para o ministro da Administração Interna, Fernando Grande-Marlaska.
“Estamos perante uma emergência nacional. Se não for isto, o que é?”, questionou Feijóo, que falava aos jornalistas na sede nacional do PP, depois de uma reunião do comité diretivo do partido. “Para responder a esta situação têm os nossos votos”, garantiu.
O que o PP pretende é que se eleve a emergência ao nível operacional 3 — conhecida em Espanha como “emergência de interesse nacional” —, algo que só pode ser decretado pelo Governo de Espanha (e nunca pelos governos regionais).
Depois de Valência, agora é a vez da Catalunha. A Agência Estatal de Meteorologia espanhola decretou esta segunda-feira alerta vermelho em Barcelona devido ao "perigo extremo de chuvas torrenciais".
A instituição apela à precaução, especialmente na zona litoral de Barcelona, e pede aos cidadãos que evitem viajar, a não ser que seja estritamente necessário.
A gestão aeroportuária local já avisou que a situação é complicada: a circulação de comboios na zona foi suspensa pelo menos até ao início da tarde e acumulam-se os voos cancelados ou muito atrasados no aeroporto de El Prat. Várias estradas estão, igualmente, cortadas porque se tornaram intransitáveis, adianta o jornal El Diario.
A Renfe suspendeu a circulação entre Madrid e Barcelona devido à situação meteorológica.
O ministro dos Transportes espanhol confirmou esta segunda-feira que foi criado um comité de crise em El Prat, onde pelo menos 50 voos já foram mesmo cancelados ou se encontram com atrasos significativos.
Nas redes sociais multiplicam-se os vídeos de inundações causadas pelas chuvas, incluindo ruas inundadas, carros parcialmente submersos e passageiros descalços a navegar um inesperado "lago" de água nas portas de acesso ao aeroporto. O Terminal 1 e o parque de estacionamento são as zonas mais afetadas.
A empresa responsável pela gestão dos aeroportos espanhóis, a Aena, já confirmou na rede social X (antigo Twitter) que pelo menos 17 voos tiveram de ser desviados de El Prat para Girona e outros destinos próximos.
Também a Câmara Municipal de Barcelona ativou, no entretanto, o Plano Municipal de Emergência por risco de "drenagem insuficiente", diz o jornal El País: há o risco do sistema de esgoto não conseguir acomodar toda a água das chuvas.
Melhores notícias chegam de Bonaire, um centro comercial onde se imaginava poderem estar muitos desaparecidos, presos num parque de estacionamento. A Polícia Nacional já conseguiu entrar no espaço e, até ao momento, não encontrou nenhuma vítima nos primeiros 50 carros inspecionados.
A crise meteorológica em Valência acabou, afirma agência meteorológica espanhola.
A Aemet disse que “podemos dar por terminada a crise meteorológica” em Valência, noticia o El País.
Neste momento, “apenas o norte da região de Castellón continua sob aviso amarelo” e, ainda que o tempo variável vá continuar, não se espera “nada de adverso”, acrescentam.
No entretanto, cerca de dez mil soldados vão reforçar as buscar por pessoas desaparecidas na sequência das inundações que atingiram Espanha, nomeadamente em Valência.
O anúncio foi feito pelo Presidente do Governo espanhol, Pedro Sánchez, depois de mais de 4.500 soldados já se encontrarem no local do desastre.
Recorde-se que, até ao momento, já foram encontradas 217 pessoas sem vida no resultado das fortes inundações que afetaram Valência e zonas circundantes. Cerca de 4.800 pessoas já foram salvas pelas autoridades e mais de 30 mil foram assistidas.
O tempo na zona melhorou, mas milhares de estudantes não vão às aulas em Valência e no sul da Catalunha, esta segunda-feira. O trânsito continua altamente condicionado devido à destruição de seis estradas, o que está a provocar engarrafamentos que se estendem por mais de 130 quilómetros.
Em paralelo, as autoridades estão a restringir a circulação de automóveis para permitir uma circulação mais facilitada aos serviços de emergência e socorro.
O leste de Espanha foi atingido na terça-feira por um temporal que causou, provavelmente, as maiores inundações da Europa neste século.