Lisboa

Margarida Figueiredo, 52 anos, empresária

No círculo eleitoral de Lisboa, uma população de dois milhões e 200 mil pessoas elege este ano 48 deputados, mais um do que em 2015. É um dos distritos mais jovens do país. Nos seus 16 municípios, há mais 146 mil mulheres do que homens, o equivalente à população total do distrito de Beja, que elege apenas três deputados.

Margarida Figueiredo abriu a lavandaria "Sem Molas" em 2014, uma das 175 mil empresas com sede em Lisboa. No distrito do país com mais tecido empresarial, 95% dos negócios empregam, cada um, menos de 10 pessoas. Lisboa também é o distrito onde os habitantes têm mais poder de compra, com uma remuneração mensal acima dos 1.400 euros. Depois de um desemprego de longa duração, Margarida recorreu ao Instituto do Emprego e da Formação Profissional (IEFP) e a um empréstimo para abrir o seu negócio, na Rua de Santa Marta.

Já votei à esquerda e à direita

Costumo ler os programas dos partidos e voto de acordo com o momento. Já votei à esquerda e à direita. Este ano já li e já cheguei à conclusão em quem não quero votar e penso que devíamos estar muito atentos aos programas dos partidos porque é grave as pessoas não se interessarem e não irem votar. Costumo votar pelos partidos e normalmente pelo carisma e trabalho dos líderes dos partidos, não pelos deputados do meu círculo eleitoral.

Impostos para um pequeno empresário são muitos

Os impostos são muito altos para este tipo de negócio e gostava de poder respirar um pouco. A carga de impostos para um pequeno empresário é muito grande. No meu caso, a água é seis vezes mais cara do que se paga para habitação. Nesta actividade é uma grande fatia da despesa e de certa forma compromete o sucesso do negócios. Se pelo menos os impostos directos fossem ligeiramente aliviados, os pequenos negócios tinham mais margem para sobreviver. Para além disso, considero que o poder local desempenha um papel importante. As juntas de freguesia deviam ter mais autonomia.

Abri este negócio porque estava desempregada

Sempre trabalhei com moda e este é apenas um lado menos glamouroso da moda que é lavar roupa. Abri este negócio em 2014 porque estava desempregada e como ultimo recurso recorri ao IEFP para abrir uma empresa. Embora as pessoas achem atrativo abrir uma lavandaria automática por imaginarem que dá pouca despesa, do ponto de vista económico acaba por não ser muito vantajoso. Eu tenho este negócio e ainda faço prestações de serviços na área da moda para revistas e em chefia de guarda-roupa.

Temos pouca margem para fazer investimentos

Este é um negócio muito específico e foi muito difícil conseguir um espaço em Lisboa porque os proprietários dão prioridade a quem pague a renda por adiantado e os portugueses têm pouca margem financeira para fazer este tipo de investimentos. Abri há três anos com a ajuda de um empréstimo e ainda não entrei em “break even”. Mais um ano e espero ter as dívidas pagas, mas é tudo muito contado e não dá para viver do retorno financeiro de um negócio deste tipo.

Mais incentivos às pessoas para manter vivo o centro da cidade

Penso que devia haver legislação de forma a integrar as lojas para turistas de forma moderada. Há ruas em que a maioria das lojas são de lembranças para turistas. Penso que se pode integrar este tipo de negócios sem descaracterizar a cidade. Antes tínhamos pouco alojamento e neste momento temos muito alojamento, mas penso que devia haver um balanço e um cuidado de acordo com os problemas da cidade. O Governo devia dar mais incentivos às pessoas de forma a que consigam continuar a viver no centro da cidade, sobretudo às pessoas mais velhas.