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Análise

A Alemanha foi avassaladora contra a Escócia. Nós explicamos porquê

15 jun, 2024 - 08:50 • Francisco Sousa *

A harmonia das peças de Nagelsmann intimidou a Escócia (5-1), na estreia do Euro2024, em Munique, derretendo a bravura britânica.

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Não é que sirva de prova absoluta ao favoritismo da Alemanha à conquista do Euro, mas a goleada (5-1) sobre a Escócia ajuda a confirmar a ideia que já tínhamos previamente: a seleção anfitriã é uma das candidatas a chegar longe.

A exibição foi avassaladora, sim, mas acima de tudo fica essa impressão de superioridade pela sintonia revelada em campo pelas principais peças, numa harmonia gerada por Nagelsmann nos últimos meses, em 4-2-3-1, com o ‘repescado’ Toni Kroos a tomar um peso indiscutível (construindo na meia-esquerda, mais baixo) e um quarteto de vocação ofensiva recheado de técnica, diversidade de movimentos e capacidade de ruptura em zona de remate.

O arranque de jogo da ‘mannschaft’ intimidou uma Escócia claramente incapaz de definir as zonas de pressão (fechando em 5-4-1) e levou o resultado para os dois golos de vantagem, na sequência de dois lances em que Kroos revelou o habitual brilhantismo a construir. Kimmich aproveitou o posicionamento muito por dentro de Andy Robertson no primeiro golo, em que Wirtz finalizou, e Gündoğan a rodou com enorme classe nas costas de McGregor, antes de dar para Havertz romper no espaço, temporizar e servir Musiala para uma execução irrepreensível.

O massacre continuou e depois de um lance no lado esquerdo, Musiala arrancou um ‘penálti invalidado’ antes daquele que contou mesmo, cortesia de Havertz, na sequência de um ataque à área feroz de Gündoğan, como é habitual.

Para a segunda parte, Steve Clarke adequou novamente a equipa aos três centrais (tirou o ponta de lança), tentou proteger-se (sem sucesso) e não a viu crescer ofensivamente – o (auto) golo escocês surgiu de uma bola parada aleatória.

Nagelsmann aproveitou para começar a lançar jogadores a pensar nos próximos jogos. Gross com peso na construção, Füllkrug com categoria a finalizar e a movimentar-se na frente, Müller a destacar-se em apoio e no cruzamento e Emre Can a marcar depois de chegar de férias há três dias.

Uma categoria imensa na gestão de uma equipa séria, que mostrou competência na pressão e imenso nível técnico em posse. Venham os testes mais exigentes para percebermos se há margem para a candidatura se tornar em favoritismo.

O detalhe

A magia de Kroos e ruptura de Gündoğan. A fechar a carreira, Kroos quer a consagração mais importante. Foi a arte do costume na origem dos dois primeiros golos alemães (e de tantas outras jogadas). Já Gündoğan mostrou a sua capacidade de ruptura, nas costas dos médios adversários e na área do oponente. Ambos determinantes, como é habitual.

A desilusão

Foi uma Escócia desgarrada. O desafio era complexo, mas conceder tantas liberdades para a Alemanha desenvolver um jogo enérgico e dominador, torna as coisas mais difíceis. Deficiente controlo das entrelinhas, dificuldades à largura, demasiado espaço para as desmarcações em zonas interiores dos craques germânicos. Junte-se a isso, uma inoperância com bola e está traçado um destino trágico num jogo desta dimensão.

* Francisco Sousa é comentador e analista de futebol e está a escrever para a Renascença durante o Euro2024.

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