A Europa em visita a Kiev
22-04-2022 - 22:57
 • José Pedro Frazão, enviado especial à Ucrânia

​Com Primeiros-ministros, deputados, intelectuais, a Europa passa por Kiev para expressar solidariedade a Zelensky. Mas a Ucrânia quer mais do que palavras e grandes proclamações. O presidente ucraniano pede mais armas e sanções e até o autarca de Nikolaev troca o cimento dinamarquês da reconstrução por água nas torneiras.

A dança de viagens, negociações, promessas e incompreensões prossegue entre a Ucrânia e a Europa. Volodomyr Zelensky discutiu esta semana em Kiev um sexto pacote de sanções à Federação Russa num encontro com o Presidente do Conselho Europeu Charles Michel.

O chefe de Estado ucraniano considera que as sanções não representam “um fim em si mesmo, mas uma ferramenta pratica para motivar a Rússia a chegar à paz”. Certo é que prosseguem os pedidos de Zelensky para mais ajuda militar, secundados de forma mais dura pelo presidente da Câmara de Kiev, Vitali Klitscko.

Os Parlamentos da Letónia e da Estónia reconheceram formalmente que houve um genocídio na Ucrânia. Várias delegações de eurodeputados passaram pelo Parlamento ucraniano vindos da Bélgica, Espanha e Lituânia e Roménia, para referir os últimos a visitar os deputados nacionais em Kiev.

O liberal Guy Verhofstadt considera que a capital da Europa é Kiev. “Nem Bruxelas, nem Estrasburgo. É aqui em Kiev que são defendidos os valores europeus. Esta é uma batalha pela alma europeia”, declarou esta semana na principal avenida da capital ucraniana.

As embaixadas europeias vão reabrindo e os governantes vão aparecendo na capital, com os primeiros-ministros de Espanha e da Dinamarca entre os mais recentes a desembarcar no coração do poder da Ucrânia.

A primeira-ministra dinamarquesa Mette Frederiksen anunciou que o seu país vai ajudar a reconstruir Nikolaev, cidade no sudeste do país sujeita a duas vagas de ataques russos desde o início da invasão.

O presidente da câmara de Nikolaev diz à Renascença que a ajuda é bem-vinda, mas a construção civil não é uma urgência, face à destruição do sistema público de distribuição de água pelas torneiras da cidade.

“A prioridade que a Dinamarca pode assumir com Nikoalev é a estrutura de abastecimento de água. Não penso que possamos precisar de ajuda para recuperar edifícios arruinados pelas bombas. Mas primeiro temos que ganhar esta guerra. Só depois teremos que pensar na recuperação da cidade”, afirma Oleksandr Syenkevych à Renascença, de espingarda na mão, enquanto aguarda por nova vaga noturna da artilharia russa.