Francisco J. Marques explica investigação a Luís Gonçalves. "Não irá resultar em nada"
14-11-2017 - 23:29

O director de comunicação do FC Porto frisa que tudo não passa de uma averiguação a um excesso momentâneo do director-geral e que dirigente e clube estão "tranquilos".

O director de comunicação do FC Porto, Francisco J. Marques, explicou, esta sexta-feira, a investigação feita, pelo Ministério Público (MP), ao director-geral do clube, Luís Gonçalves.

O "Correio da Manhã" noticiou, esta terça-feira, que Gonçalves estava a ser investigado. Instada pela Lusa, fonte oficial da PGR confirmou a abertura de uma investigação, por parte do MP, que decorre no Departamento de Investigação e Acção Penal de Braga, sobre factos susceptíveis de configurarem o crime de corrupção no desporto.

Excesso levou a queixa e investigação

No programa "Universo Porto da Bancada", do Porto Canal, Francisco J. Marques frisou que "as investigações devem ser todas levadas ao fim" e assegurou que o FC Porto e Luís Gonçalves" não têm nada a temer".

"Todos nos lembramos do jogo em Braga, na época passada [empate 1-1], em que, no final, naquela altura de cabeça quente, o engenheiro Luís Gonçalves excedeu-se e teve uma frase que foi motivo para que ele tivesse cumprido um castigo [o Conselho de Disciplina da Federação castigou Luís Gonçalves com 30 dias de suspensão]", lembrou J. Marques. "Excedeu-se, disse ao árbitro que, com aquele comportamento, teria, certamente, uma carreira curta. E a verdade é que, pouco tempo depois, no final da época, o árbitro Tiago Antunes foi despromovido."

Francisco J. Marques revelou que o ocorrido levou "alguém" a apresentar queixa e que o MP "tem de perceber o que é que se passou":

"É preciso perceber se a despromoção do árbitro Tiago Antunes teve interferência do engenheiro Luís Gonçalves, ou seja, se após ter dito aquela frase, [ele] falou com alguém, mexeu algum cordelinho, exerceu algum tipo de influência que causasse a despromoção do árbitro. Ele não fez nada disso, portanto, isto irá, naturalmente, não resultar em nada."

Despromoção que não surpreendeu

Na óptica do "homem forte" da comunicação portista, a despromoção de Tiago Antunes não mais foi que consequência de um mau trabalho.

"O árbitro Tiago Antunes fez, antes desse jogo, 24 jogos. Depois, já incluindo esse jogo, fez três jogos. Ora, a despromoção dele não foi ditada por esses três jogos da recta final, mas pelo acumulado das exibições ao longo da temporada, e só quem não seguisse as arbitragens de Tiago Antunes é que pode ter estranhado a despromoção dele. Era claramente um dos árbitros mais fracos e tinha chegado à primeira categoria à custa de ser um afilhado de Ferreira Nunes", defendeu.

Frisando que Luís Gonçalves "não é arguido do que quer que seja", Francisco J. Marques salientou que o único desejo do clube é que a investigação seja levada a cabo de forma "eficaz":

"O FC Porto quer que todas as investigações vão até ao fim. Não vamos aqui reclamar de uma investigação rápida nem lenta, nós reclamamos é uma investigação eficaz, correcta, que permita perceber a verdade, porque estamos completamente tranquilos e completamente à vontade."

Comparação com um caso do Benfica

O director de comunicação dos dragões lembrou o caso do antigo árbitro Marco Ferreira, também despromovido, e remeteu para a alegada troca de e-mails entre o presidente do Benfica, Luís Filipe Vieira, e o assessor da SAD encarnada, Paulo Gonçalves, recentemente constituído arguido, por suspeitas de corrupção, sobre a descida de nota de Rui Costa.

Marco Ferreira acusou, em 2015, o então presidente do Conselho de Arbitragem, Vítor Pereira, de ligar aos árbitros antes dos encontros do Benfica, para pressioná-los a favorecer os tetracampeões nacionais.

"Se o que está em causa é uma eventual interferência do engenheiro Luís Gonçalves nas avaliações ao árbitro Tiago Antunes, há um caso, hoje em dia, muito bem conhecido de, de facto, interferência, que é o já célebre caso de o Luís Filipe Vieira dizer ao Paulo Gonçalves, 'temos de dar-lhe cabo da nota', referindo-se ao Rui Costa, e a consequência disso foi a maior descida de sempre numa revisão de nota", destacou J. Marques.