Suspensa audição do advogado dos pais das gémeas, depois de pedido de audição à porta fechada
28-06-2024 - 14:53
 • Filipa Ribeiro

Wilson Bicalho é ouvido esta tarde na Comissão Parlamentar de Inquérito. Depois de uma intervenção inicial aos orgãos de comunicação social portugueses e a alguns deputados, pediu que a audição não fosse transmitida, mas partidos votaram contra.

Foi suspensa a audição ao advogado dos pais das gémeas luso-brasileiras, uma hora depois de ter começado, já que Wilson Bicalho pediu que a audição decorresse à porta fechada e mencionou um parecer da Ordem dos Advogados não entregue na CPI. Os grupos parlamentares concluíram que, assim, não havia condições para continuar a audição nesta sexta-feira.

O presidente da Comissão Parlamentar, Rui Paulo Sousa, tenciona mesmo avançar com queixas contra Wilson Bicalho na Ordem dos Advogados e no Ministério Público caso não se confirma a existência desse parecer. “Eu irei propor, numa reunião da Comissão, caso não exista esse parecer, que seja apresentada uma queixa à Ordem dos Advogados e ao Ministério Público pelo seu comportamento nesta comissão que foi inaceitável”, disse Rui Paulo Sousa.

Todos os partidos políticos votaram favoravelmente a suspensão dos trabalhos, com alguns a qualificar a audição como "uma farsa".

No início da audição, o advogado do pais das gémeas tratadas no Hospital Santa Maria, em Lisboa, invocou o "sigilo profissional" a que está obrigado para dizer que não pode responder a algumas questões da Comissão Parlamentar de Inquérito. Wilson Bicalho acabou por pedir que a audição decorra à porta fechada.

"Visto que as imagens são recortadas e utilizadas nos órgãos de comunicação social de forma desumana invoco o artigo 15º e oponho-me à transmissão desta sessão", disse.

O pedido acabou rejeitado pelos grupos parlamentares.

Na intervenção inicial, Wilson Bicalho acusou ainda os deputados portugueses de “jogos de bastidores” e de terem confrontado” cobardemente” a mãe das gémeas na audição da passada sexta feira.

O advogado dá como exemplo os documentos mencionados na audição anterior que diziam que o pedido da mãe das crianças para ter acesso a um medicamento no Brasil, teria entrado na justiça a 26 de agosto de 2019, quando os documentos reais mostram que deu entrada a 17 de setembro desse ano. Acrescentando que em Portugal, o processo para ter acesso ao Zolgensma data 10 de dezembro de 2019. “A consulta aconteceu a 5 de dezembro e no dia 10 ainda tentava o acesso ao medicamento”, disse.

Depois de críticas dos grupos parlamentares sobre os adjetivos utilizados pelo advogado, Wilson Bicalho acabou por pedir desculpa à comunicação social.

Comissão Parlamentar de Inquérito pede parecer à Ordem dos Advogados e dá 28h a advogado

Depois de suspensa a audição ao advogado Wilson Bicalho, a Comissão Parlamentar de Inquérito reuniu e pediu à Ordem dos Advogados o parecer mencionado pelo advogado dos pais das gémeas durante a audição. Rui Paulo Sousa indicou ainda que foi decidido "dar 48 horas a Wilson Bicalho para apresentar o documento que recebeu da Ordem dos Advogados e o pedido que fez para obter essa resposta".

O presidente da Comissão Parlamentar de Inquérito diz que "se não for apresentado" o parecer pela Ordem dos Advogados é considerado "avançar com queixa na Ordem dos Advogados e no Ministério Público contra as declarações falsas, porque Wilson Bicalho disse ter o parecer, mentindo à CPI".

Rui Paulo Sousa indica ainda que na próxima quarta-feira, dia em que é também ouvido Nuno Rebelo de Sousa, a Comissão Parlamentar de Inquérito vai deliberar o levantamento do sigilo profissional , uma vez que, caso se confirme o parecer da Ordem dos Advogados, o objetivo será repetir a audição do advogado Wilson Bicalho à porta fechada.

A Ordem dos Advogados tem um prazo máximo de 10 dias para responder.