"Em Surdina" põe a dança de jovens surdos no palco
13-07-2018 - 08:58

Coreógrafo recorreu a "apontamentos de linhas e formas geométricas" no chão do palco. Os bilhetes custam cinco euros.

O espetáculo "Em Surdina" sobe ao palco do Teatro Campo Alegre, no Porto, com oito jovens, cinco dos quais são surdos, para uma coreografia onde "movimento e som" comandam.

"A coreografia é mais assente numa ideia de som do que de música, porque a música tem uma conotação cultural. Neste trabalho foi muito mais interessante pensar na ideia de movimento e som, porque são muito mais abstratos", explicou o coreógrafo do espetáculo, Marco da Silva Ferreira, durante o ensaio de imprensa de "Em Surdina", no Teatro Campo Alegre, no Porto.

O espetáculo estreia esta sexta-feira, dia 13 de julho, e, até sábado, conta com a participação de oito jovens, entre os quais cinco surdos, com idades entre os 12 e 17 anos, do Agrupamento de Escolas Eugénio de Andrade, em Vila Nova de Gaia.

Para Marco da Silva Ferreira, a linguagem "não foi uma barreira" e coordenar os jovens "foi fácil", graças ao trabalho de duas intérpretes que acompanharam os ensaios, no entanto, exigiu que tivesse de "reorganizar a forma de encontrar material biográfico".

O coreógrafo explicou ainda que, para tornar possível a realização do espetáculo, recorreu a "apontamentos de linhas e formas geométricas" no chão do palco, que surgem como um "mapeamento", assim como a "luzes" que funcionam como "um estímulo visual para a mudança de cena", de forma a que os cinco jovens se guiem.

"Foi mais importante não pensar na mensagem que eu, enquanto coreógrafo, queria passar, mas no que este projeto lhes [aos jovens] queria passar a cada sessão. Foi muito mais sobre quem são estas pessoas e qual é este canal intermédio onde a comunicação existe e como é que posso influenciar a vida deles da melhor maneira", sublinhou também Marco da Silva Ferreira.

Para o coreógrafo, o espetáculo é "pensado para o público não ouvinte" e pretende acolher "a comunidade surda" no teatro.

Os bilhetes custam cinco euros.