Morreu ,na quarta-feira, na Ucrânia, o antigo arcebispo-maior da Igreja Greco-Católica da Ucrânia, a maior Igreja Católica de rito oriental.
Lubomyr Husar tinha 84 anos e já tinha resignado ao seu cargo em Fevereiro de 2011, por motivos de saúde, sendo sucedido pelo actual arcebispo-maior Sviatoslav Schevchuk.
Nascido na Ucrânia em plena Segunda Guerra Mundial, Husar foi levado para os Estados Unidos pelos seus pais e foi lá que enveredou pela vida religiosa, tornando-se monge.
Em 1976 foi ordenado bispo pelo então líder da Igreja Greco-Católica da Ucrânia, em Roma e sem autorização papal. A falta de autorização causou alguma polémica, mas deveu-se a uma discrepância entre os códigos de direito canónico da Igreja Católica latina e das Igrejas Católicas orientais, que não exigia mandato papal para ordenar um bispo.
Nessa altura a Igreja Greco-Católica era proibida na Ucrânia, parte da União Soviética. Os soviéticos perseguiram todas as religiões, mas enquanto toleraram e procuraram controlar as igrejas ortodoxas, as católicas foram totalmente reprimidas, legalmente dissolvidas e as suas propriedades transferidas para as ortodoxas.
A situação apenas começou a mudar no início dos anos 90 e Husar regressou à Ucrânia em 1994, tendo sido nomeado arcebispo de Kiev e Vyshhorod em 1995. Ao regressar à Ucrânia abdicou da sua nacionalidade americana.
Em Janeiro de 2001 foi eleito pelo sínodo da Igreja ucraniana para suceder no cargo de arcebispo-maior e apenas um mês depois foi nomeado cardeal por João Paulo II, tendo sido um dos três católicos de rito oriental a participar no conclave de 2005. Só não participou no conclave de 2013 porque tinha feito 80 anos dois dias antes da resignação de Bento XVI.
Grande parte do seu mandato à frente da Igreja Greco-Católica foi passada a reorganizar a Igreja e as comunidades na sequência do fim da União Soviética, nomeadamente nas relações com as comunidades na diáspora.
O Papa Francisco publicou esta quinta-feira uma nota a expressar condolências pela morte do cardeal Husar, prometendo rezar pelo “eterno descanso deste pastor zeloso”.
“Uno-me espiritualmente com os fiéis da comunidade diocesana onde exerceu o seu ministério pastoral, procurando, com atenção, servir o renascimento da Igreja Greco-Católica da Ucrânia”, diz ainda o Papa.
“Recordo a sua fidelidade tenaz a Cristo, apesar das dificuldades e das perseguições contra a Igreja, bem como a sua actividade apostólica frutuosa de promover a organização dos fiéis greco-católicas, descendentes das famílias que foram obrigadas a fugir da Ucrânia ocidental, bem como os seus esforços para encontrar novas formas de dialogar e colaborar com as Igrejas ortodoxas”, diz Francisco.