Novo confinamento preocupa vários setores de atividade
12-01-2021 - 10:20
 • Olímpia Mairos , Miguel Coelho com redação

Proprietários e empresas temem grandes prejuízos e querem continuar de portas abertas. O novo confinamento deverá entrar em vigor quinta-feira, durante pelo menos 15 dias.

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Com um novo confinamento geral à vista, que implica o encerramento de alguns setores de atividade, são grandes os receios. Dos cabeleireiros aos ginásios, passando pelos centros comerciais, as empresas temem prejuízos e exigem, por isso, continuar de portas abertas.

A associação Portugal Activo, que representa as empresas de ginásios, defende que mais do que os próprios problemas financeiros que os ginásios podem enfrentar, um novo confinamento pode representar uma situação irreversível para a saúde dos portugueses.

À Renascença, o presidente da associação, José Carlos Reis, diz ainda ter esperança de que os ginásios se mantenham de portas abertas, garantido os serviços de uma atividade de baixo risco no que toca aos contágios.

“Nós ainda não perdemos a esperança de estarmos nas exceções. Consideramos ser uma atividade dentro da saúde e somos muito importantes para o reforço imunitário e imunológico das pessoas e até para o equilíbrio psíquico e emocional de todos”, afirma.

Além disso, o presidente da Portugal Activo garante que os ginásios são “locais seguros”, não têm tido “grandes casos de contaminação”, com uma “taxa de infetados muito baixa, abaixo dos 2 a 3%”.

Teme-se perda de postos de trabalhos

Outro dos setores que vê com grande apreensão um novo confinamento é o dos cabeleireiros.

O presidente da Associação de Cabeleireiros mostra-se preocupado pela eventual perda de postos de trabalho. “Estamos muito preocupados pelo número de empregos e estabelecimentos que possam, eventualmente, entrar outra vez em falência, em grandes dificuldades, e vamos ver, vamos aguardar”, diz Miguel Garcia.

O representante dos cabeleireiros espera que o Governo tenha em consideração um sector que, no contexto em que vivemos, também é decisivo para a autoestima dos portugueses.

“Não é um chamado bem essencial, não, não é aquele bem essencial de comida e de urgência de saúde, mas por uma questão de autoestima, para as pessoas se sintam bem e possam circular tranquilamente, faz parte”, defende.

Este responsável diz que o Governo conhece a posição da associação e espera que seja tida em conta, aquando do estabelecimento das regras para o novo confinamento.

“Neste [confinamento] os dentistas vão manter-se abertos; também nós estamos a tentar”, afirma Miguel Garcia.

Redução de impostos para compensar prejuízos

Também os centros comerciais defendem que os espaços podem continuar abertos e que estas superfícies funcionaram sempre sem registo de problemas.

O presidente da Associação Portuguesa de Centros Comerciais, António Sampaio de Mattos, afirma na Renascença que “há todas as condições para que os centros comerciais possam funcionar”.

“O problema está em que, para funcionarem normalmente, têm que ter público e o público precisa de poder circular para se dirigir”.

António Sampaio de Mattos considera que o encerramento dos centros comerciais irá trazer muitos problemas aos lojistas.

Se as pessoas forem impedidas de circular através de outras medidas restritivas, “as lojas vão estar abertas sem público, portanto, esse é um problema. Irão sentir problemas, se não puderem funcionar e haverá lojas que, a médio prazo, médio/curto, depende do tempo que isto ocorrer, não vão ter condições para funcionar”, afirma António Mattos Sampaio.

O presidente da Associação Portuguesa de Centros Comerciais defende que cabe ao Estado ajudar o setor, nomeadamente na redução de impostos para compensar os prejuízos, tanto dos lojistas como dos centros comerciais.

“O Governo tem conhecimento desta nossa posição e que vem de longe. Temos defendido sempre e a prova está que o funcionamento dos centros comerciais tem decorrido sem qualquer alarme, sem qualquer problema”, afirma António Sampaio de Mattos.

O país pode regressar ao confinamento já esta quinta-feira e durante pelo menos 15 dias.

Essa é a indicação que o Governo transmitiu esta sexta-feira aos partidos políticos e aos parceiros sociais, em dois encontros que decorreram em simultâneo, sendo que este prazo de 15 dias pode ser prolongado.