​Falta de alimentos no Reino Unido leva a racionamento
03-03-2023 - 12:09
 • Renascença

A falta de mão-de-obra provocada pelo Brexit tem sido apontada como uma das causas deste cenário.

A situação de escassez de alimentos nas prateleiras dos supermercados no Reino Unido já vai na terceira semana, de acordo com o Departamento de Meio Ambiente, Alimentos e Assuntos Rurais britânico.

Esta crise alimentar está a afetar, essencialmente, o consumo de frescos, o que levou a maioria dos supermercados a racionar a venda de frutas e legumes.

A falta de mão-de-obra provocada pelo Brexit tem sido apontada como uma das causas deste cenário preocupante.

Em declarações à CNN, Lee Stiles, secretário da Lea Valley Growers Association, diz que deviam “estar a colher tomates, pimentos e beringelas neste momento. No entanto, eles só estarão prontos em maio, pois acabámos de plantá-los agora, em vez de em dezembro do ano passado”.

A associação, que representa cerca de 80 produtores da importante região de cultivo do sudeste do Reino Unido, diz ainda que a crise energética levou também ao atraso das plantações no inverno.

Os elevados preços da energia elétrica levaram a uma menor produção em estufas, não só no Reino Unido, como também na Holanda, país fornecedor de frescos. O que levou Mark Spencer, ministro da agricultura, a alertar para a dependência britânica de algumas rotas comerciais para alguns alimentos.

“Sei que as famílias esperam que os produtos frescos de que precisam estejam nas prateleiras quando vão fazer as suas compras semanais. É por isso que estou a convocar os chefes de supermercado para saber o que estão a fazer para reabastecer as prateleiras e delinear como podemos evitar que isso se repita”, disse o ministro em comunicado.

A resposta dada pelos supermercados foi impor um limite de compra de legumes, como tomates, pepinos e pimentos.

Stiles explicou que “a produção de alimentos tem que ser planeada com meses de antecedência, não é como uma fábrica que pode ser ligada e desligada à vontade”, acrescentou que já é tarde para os produtores plantarem para a estação verão-outono, estão sem trabalhadores, não encomendaram sementes e precisariam ainda de 12 semanas para poderem colher.

O secretário atribui responsabilidades desta situação ao Brexit, que “restringiu” o número de trabalhadores migrantes, mas também ao desvio da produção espanhola e marroquina para outros pontos da Europa, com menos custos diretos, menos taxas, menos burocracia e filas nas fronteiras.

Os supermercados continuam a não estabelecer, no entanto, qualquer relação direta entre o Brexit e a crise.