Quando terminou a conferência de imprensa, a bordo do avião, Francisco, ainda de microfone na mão, avisa:
– “Não quero ir embora sem falar do século…”, e faz uma pausa enquanto esperávamos a sua conclusão, “não do século da idade dela, mas das suas 100 viagens!”
Incrédula, levanto a cabeça dos meus apontamentos. O Papa não pode estar a referir-se a mim, pois três dias antes, já tinha assinalado o facto de esta ser a minha 100.ª viagem papal…
Com toda a calma, Francisco pega numa pequena caixa cor-de-rosa e diz, enquanto se dirige pela coxia até ao meu lugar:
– “São rosas da Bulgária. É uma pequena lembrança pela viagem número 100.”
Os meus colegas aplaudem. Levanto-me do meu lugar e, ainda atordoada, vejo o Papa Francisco diante de mim, a estender-me delicadamente uma caixa com rebuçados de rosas “Rose of Bulgaria Delight”.
– “Obrigada pela sua ternura”, agradeci de voz embargada.
Ele sorriu e voltou para o seu lugar da frente, longe da habitual confusão dos jornalistas que, entretanto, já fervilhavam à espera que servissem o jantar.
Só eu fiquei a matutar. E ainda agora, horas depois do sucedido, continuo sem palavras perante aquele gesto, tão bonito e tão humano, que “derrete” o coração. Mas que é, afinal, um gesto tão simples e ao alcance de todos, mesmo daqueles que têm pesadas responsabilidades e se preocupam com o destino da humanidade.