​Portugal e a UE
16-03-2018 - 06:14

Um governo socialista apoiado por partidos de extrema-esquerda manteve-se firmemente europeísta.

Nesta semana, o Presidente da República de Portugal visitou a Grécia. E elogiou os progressos desse país no caminho para a saída do processo de ajustamento financeiro. Também o presidente do Eurogrupo, o ministro português das Finanças, se mostrou encorajado pela evolução na Grécia.

Longe vai o tempo em que a preocupação das autoridades portuguesas era distanciarem-se da Grécia. Agora, Portugal manifesta solidariedade e apoio aos gregos nos seus esforços para regressarem à normalidade. Também é certo que os governantes gregos tiveram de meter na gaveta as suas fanasias iniciais.

Entretanto, o primeiro-ministro António Costa discursou no Parlamento Europeu. Sem trazer novidades, foi um discurso europeísta e reformista (quanto à UE e à zona euro), ou seja, o contrário da vaga populista que atinge a Europa comunitária.

Quando A. Costa, que perdeu as últimas eleições legislativas, resolveu apesar disso formar governo, negociou apoios parlamentares com dois partidos de extrema-esquerda, PCP e BE, que não gostam da integração europeia (o BE com algumas “nuances”). Por isso não era, então, de prever aquilo que depois aconteceu: como primeiro-ministro, A. Costa não recuou um milímetro no seu firme europeísmo.

O primeiro-ministro português repetiu em Estrasburgo a ideia de que o seu governo tinha posto fim à austeridade, quando apenas a aliviou, como já começara a fazer o anterior governo, e sobretudo a alterou. Vejam-se as carências de verbas nos serviços públicos.

Mas a aposta europeia de A. Costa credibilizou o país nos mercados. Os juros da dívida pública portuguesa encontram-se a níveis historicamente baixos. Com um governo apoiado por marxistas? É algo raro e notável.