O Reino Unido é o país para onde mais portugueses emigram na actualidade. De acordo com os números mais recentes do Observatório da Emigração, em 2015, 32.302 portugueses entraram no país que esta quinta-feira decide sobre se permanece ou saí da União Europeia.
O Departamento de Trabalho e Pensões britânico contabilizou um total de 828.198 entradas de estrangeiros no último ano. Os portugueses representaram 3,9% desse total.
No início deste século, o número de entradas de portugueses no Reino Unido regista um aumento contínuo, que é mais acentuado e expressivo a partir de 2010.
Contudo, neste período em análise, há registo de duas quebras: a primeira, entre 2004 e 2006, quando emigraram menos quatro mil portugueses; e a segunda, em 2009 e 2010, semelhante à ocorrida na emigração para outros países, no contexto da crise financeira global.
Foi em 2013 que se registou um grande aumento no número de entradas, atingindo-se, nesse ano, pela primeira vez, valores superiores a 30 mil entradas
Na opinião de Pedro Góis, professor do Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra e um dos autores do livro “O Regresso ao Futuro - A Nova Emigração e a Sociedade Portuguesa”, os portugueses procuram o Reino Unido pela estabilidade laboral e pelos salários.
“O que explica a emigração para o Reino Unido são os salários, as oportunidades de trabalho, alguma atracção de emigrantes do sul da Europa nos últimos anos”, explica o professor, acrescentando que os enfermeiros são quem mais procura o Reino Unido.
Um dado confirmado pela bastonária da Ordem dos Enfermeiros. De acordo com Ana Rita Cavaco, nos últimos cinco anos saíram de Portugal cerca de 14 mil enfermeiros, a maioria para o Reino Unido. A bastonária garante que, por todo o mundo, são solicitados os enfermeiros portugueses, dada a sua superior formação.
Mas nem só de enfermeiros vive a emigração de portugueses para o Reino Unido. “Há pessoas a emigrar para quase todas as profissões, desde profissionais de topo até, de facto, dentistas, médicos, enfermeiros, jovens cientistas”, descreve Pedro Góis. A emigração para o Reino Unido regista-se também noutros ramos onde a mão-de-obra é menos qualificada.
”A construção civil é tradicionalmente um sector de exportação de mão-de-obra portuguesa. Depois, obviamente, a hotelaria e as limpezas são também sectores de exportação de mão-de-obra menos qualificada. Depois, há todo um conjunto de oportunidades que vão surgindo no comércio nos serviços, na hotelaria, no turismo nos bares”, esclarece.