Conferência do Clima. Santana Lopes tem esperança em Obama
30-11-2015 - 07:02
 • José Pedro Frazão

Arranca com esperanças, mas convive com muitas incertezas. A Conferência das Nações Unidas sobre Alterações Climáticas tem na agenda da sua vigésima primeira reunião uma nova tentativa para um acordo climático global, seis anos após o falhanço da Cimeira de Copenhaga.

No arranque da Conferência de Paris, Pedro Santana Lopes confessa um ligeiro optimismo em relação a um acordo climático global a alcançar nas conversações que começam esta segunda-feira em Paris.

Na mais recente edição do programa “Fora da Caixa”, da Renascença, Santana Lopes sublinhou a preocupação acrescida dos norte-americanos com esta questão, "colocando-a na primeira fila das prioridades”. O antigo primeiro-ministro assinala que, hoje em dia, Washington coloca a questão climática ao lado de outras como a paz, o desenvolvimento económico ou a criação de emprego.

“O Presidente Obama já jogou algum papel nos corredores da conferência de Copenhaga, com alguma liderança independentemente dos resultados”, recorda Santana Lopes que reconhece a dificuldade para o presidente norte-americano fazer passar grandes decisões em ano de eleições para a Casa Branca em 2017. No caso de um acordo climático global, o Senado terá uma palavra decisiva na sua aprovação pelos Estados Unidos.

No entanto, Santana Lopes acredita que, ao contrário de outros temas, “ talvez aqui haja maior margem para dar um passo em frente por parte dos Estados Unidos”. O antigo chefe de Governo confessa que “ficava bem a Obama acabar o seu mandato com um grande sucesso nesta matéria".

Boas e más notícias

O antigo comissário António Vitorino sublinha como positiva a ambição dos acordos de Paris.

"Acho que a boa noticia é que apesar de tudo o acordo a que se chegar será em princípio mais ambicioso que aquele de Copenhaga. Mais compreensivo, com mais estados, em que cada um assume compromissos unilaterais, como os Estados Unidos e a China. É um passo em frente”, considera o comentador do “Fora da Caixa”.

Ponto menos positivo, a incapacidade de fornecer um acordo vinculativo na linha do Protocolo de Quioto. “ Não será um acordo jurídico internacional, vinculativo como Quioto. Essas são as más noticias. Mas como nós próprios portugueses sabemos, os tempos para acordos estão difíceis”, remata Vitorino.