Tailândia é exemplo de respeito pelos idosos, diz Francisco
22-11-2019 - 08:26
 • Aura Miguel , Filipe d'Avillez

Num encontro com representantes de diferentes religiões na Tailândia o Papa enalteceu o papel destas na construção da paz e na luta contra as formas modernas de escravatura.

O Papa Francisco elogiou esta sexta-feira os tailandeses pelo exemplo de respeito pelos idosos que se vive naquela sociedade.

Num encontro com os líderes das diferentes comunidades religiosas da Tailândia, numa universidade pública, o Papa apelou ao trabalho conjunto das diferentes religiões.

“Aqui na Tailândia, país de grande beleza natural, gostaria de sublinhar uma nota distinta que considero essencial e, de certo modo, parte das riquezas que haveis de ‘exportar’ e partilhar com as outras regiões da nossa família humana: vós tendes apreço e cuidado pelos vossos idosos, respeitai-los e reservais-lhes um lugar preferencial, para que vos garantam as raízes necessárias e assim o vosso povo não se corrompa seguindo certos slogans que acabam por esvaziar e hipotecar a alma das novas gerações”, disse.

As diferentes religiões têm o dever de contribuir para fortalecer a sociedade, insiste Francisco. “Estes tempos exigem que se construam bases sólidas, ancoradas no respeito e reconhecimento da dignidade das pessoas, na promoção dum humanismo integral capaz de reconhecer e reivindicar a defesa da nossa casa comum, numa gestão responsável que preserve a beleza e a exuberância da natureza como um direito fundamental à existência.”

“As grandes tradições religiosas do mundo dão testemunho dum património espiritual, transcendente e amplamente partilhado, que pode oferecer sólidas contribuições nesse sentido, se formos capazes de nos aventurar a não ter medo de nos encontrarmos”, afirmou o Papa.

O encontro com os líderes das diferentes religiões, incluindo diferentes confissões cristãs, líderes budistas, hindus e da religião sikh, decorreu na Universidade Chulalongkorn, nome do Rei da Tailândia que a fundou.

No seu discurso o Papa recordou que esse mesmo Rei foi o primeiro chefe de Estado não cristão a ser recebido por um Papa no Vaticano, em 1897, quando visitou Roma. “A recordação daquele encontro importante, bem como o período do seu reinado que conta, entre tantos méritos, a abolição da escravatura, desafiam-nos e encorajam-nos a assumir decidido protagonismo no caminho do diálogo e da compreensão mútua. E encorajam-nos a fazê-lo num espírito de fraterna colaboração que ajude a pôr fim a tantas escravidões que persistem nos nossos dias; penso especialmente no flagelo do tráfico e exploração de pessoas.”

O Papa elogiou ainda o papel das universidades no mundo moderno, como instituições que, tal como as religiões, têm um importante papel social a cumprir. “A investigação e o conhecimento ajudam a abrir novos caminhos para reduzir a desigualdade entre as pessoas, revigorar a justiça social, defender a dignidade humana, procurar as formas de resolução pacífica de conflitos e preservar os recursos que vivificam a nossa terra. Dirijo um agradecimento particular aos educadores e académicos deste país, que trabalham por proporcionar às gerações presentes e futuras as aptidões e sobretudo a sabedoria de raiz ancestral que lhes permitirão participar na promoção do bem comum da sociedade.”

Esta sexta-feira o Papa encontra-se ainda com os jovens católicos da Tailândia, numa missa celebrada na Catedral de Banguecoque. Sábado de manhã Francisco deixa o país e ruma ao Japão, onde permanecerá até terça-feira.