Sérgio Conceição e a queixa da APAF. "Árbitros podem dizer que fui burro numa substituição"
29-10-2021 - 12:24
 • Renascença

Treinador do FC Porto defende direito à opinião, depois de críticas ao videoárbitro do jogo com o Paços de Ferreira que lhe granjearam uma queixa junto do Conselho de Disciplina.

Sérgio Conceição defendeu o direito à opinião, esta sexta-feira, em reação à queixa submetida para o Conselho de Disciplina pela Associação Portuguesa de Árbitros de Futebol (APAF) contra críticas do treinador do FC Porto ao videoárbitro (VAR) do jogo com o Paços de Ferreira.

Em conferência de imprensa, Sérgio Conceição garantiu que não se sente "nada condicionado" pela queixa da APAF ou qualquer um dos "muitos processos" de que tem sido alvo. Nem pelo facto de o VAR do jogo com o Paços de Ferreira ter sido nomeado para árbitro principal da receção do FC Porto ao Boavista, a contar para a décima jornada do campeonato.

"Aquilo que sinto, normalmente digo. Neste caso, está lá o árbitro que nos vai apitar amanhã [sábado], mas podia ser outro qualquer. Foi uma opinião não positiva, mas também a têm sobre mim, ou não? Os próprios árbitros, se calhar, fazem a análise e dizem: 'Este treinador foi um burro dos 'diabos' porque fez uma substituição mal feita'. Os adeptos julgam-me, os jogadores são criticados, os dirigentes a mesma coisa. Não se pode dizer que um árbitro esteve bem ou menos bem? Foi a minha opinião naquele lance em que acho que fomos prejudicados", sublinhou.

"Não tem competência ou precisa de ir ao oculista"


Em causa estão as declarações de Sérgio Conceição depois da vitória (3-1) do FC Porto sobre o Paços de Ferreira, na oitava jornada do campeonato, em que Mehdi Taremi viu o segundo amarelo por simulação.

Em conferência de imprensa, o treinador do FC Porto mostrou-se surpreendido por o ponta de lança iraniano, que garantiu ser "um jogador extremamente honesto" com os colegas, adversários e árbitros, ter ficado com má fama ganhou por um lance, na sua opinião, mal ajuizado.

"O árbitro pode até ser induzido em erro pela visão que tem do lance no momento, pode ter algumas dúvidas e sente-se confortável para não assinalar porque tem muitas câmaras e gente para o alertar. É um penálti claríssimo. Se o VAR não viu, das duas uma: ou não tem competência ou precisa de ir ao oculista. Se é um lance que depende do critério, tudo bem. Naquele lance é claro. E num lance claro colocam-se rótulos nas pessoas. O Taremi é um jogador extremamente honesto", disse na altura.

Críticas que motivaram queixa da APAF para o Conselho de Disciplina da Federação Portuguesa de Futebol, conforme a Renascença avançou.

"Existem discursos que não melhoram em nada a credibilidade do futebol e nós entendemos que este faz parte desse grupo de comentários desnecessários (...) que passam aquilo que achamos que é o razoável", argumentou o presidente da APAF, Luciano Gonçalves.

Em comunicado, a Associação Nacional dos Treinadores de Futebol (ANTF), defendeu o "direito à opinião" de Sérgio Conceição.

"Além da apreciação objetiva sobre a (in)competência de qualquer agente desportivo, seja ele qual for, se enquadrar no direito à opinião, dentro, claro está, do que é socialmente aceitável, no caso concreto, inexiste motivo para a instauração de qualquer procedimento disciplinar ao treinador em causa", pode ler-se na resposta da ANTF à APAF.