Rui Rio fora da corrida a Belém
15-10-2015 - 07:18

Antigo presidente da Câmara do Porto justifica, em artigo publicado no "Jornal de Notícias", a decisão de não avançar com a falta de apoio das lideranças do PSD e do CDS.

O social-democrata Rui Rio anuncia, esta quinta-feira, que está fora da corrida à Presidência da República. Considera, contudo, que, caso avançasse, a sua candidatura seria a que reúne as condições ideais para assegurar a estabilidade política.

O anúncio é feito num artigo de opinião que o ex-autarca da Câmara Municipal do porto assina no “Jornal de Notícias”, onde diz que a decisão de não ser candidato às presidenciais é “sustentada e coerente” e assenta no resultado eleitoral de 4 de Outubro, que ditou um “quadro parlamentar instável”.

“Foi por essa clarificação que esperei e é ela que me permite ter hoje uma leitura política final e uma decisão de não candidatura sustentada e coerente”, explica.

“A hipótese de uma minha candidatura a Presidente da República reside no facto de eu próprio, e muitos outros, considerarmos que tenho vantagens comparadas sobre os demais candidatos, naquilo que considero mais relevante para o próximo mandato presidencial: ou seja, assumir efectivamente um projecto de renovação e modernização do regime”, sublinha.

Mas decidiu não avançar e aponta a falta de apoio das lideranças tanto do PSD como do CDS como justificação, pois considera que uma candidatura a Belém só faria sentido se houvesse uma visão convergente de Passos Coelho e Paulo Portas a esse respeito.

Rio diz que, depois da oficialização da candidatura de Marcelo Rebelo de Sousa, ainda aguardou por um sinal de apoio por parte do líder social-democrata, mas Passos Coelho optou por manter um posicionamento equidistante em relação às candidaturas presidenciais.

“A diferença de opiniões não tem nada de grave nem de anormal em democracia. E se, nesta matéria em concreto, a minha visão não é coincidente com a das direcções nacionais dos partidos de que estou ideologicamente mais próximo, cabe-me a mim respeitá-la e assumir que, assim sendo, a minha motivação para prestar este serviço ao país não chega, por si só, para justificar uma candidatura que, neste capítulo concreto, só fazia sentido se houvesse a mesma visão dos dois lados”, afirma.

Rui Rio critica ainda a decisão de ambos os partidos (PSD e CDS) quanto à liberdade de voto nas eleições de Janeiro e reconhece que, caso avançasse, isso seria visto como uma atitude divisionista, senão mesmo desestabilizadora.

O antigo presidente da Câmara do Porto refere também que seria muito difícil lançar uma candidatura com possibilidade de vencer fora de Lisboa.

“Num país profundamente centralizado como Portugal, lançar uma candidatura presidencial vencedora e nacionalmente reconhecida a partir de uma cidade que não a capital do país, é uma tarefa muito próxima do impossível”, defende.