Cândida Almeida admite que detenção salva imagem da justiça portuguesa
11-12-2021 - 12:51
 • Pedro Mesquita , João Carlos Malta

A ex-Procurador-Geral da República afirma em declarações à Renascença que o caso não fica bem à justiça, mas que a extradição mostra que as instituições estão a funcionar.

A ex-Procuradora-Geral da República Cândida Almeida considera que a detenção de João Rendeiro pela Polícia Judiciária, na manhã deste sábado na África do Sul, ajuda a salvar a imagem da justiça portuguesa. A fuga de Rendeiro esteve envolta em muita polémica, com muitas críticas à forma como as autoridades judiciais geriram o caso.

Questionada sobre se a captura do fugitivo emenda o erro e salva a face da justiça em Portugal, Cândida Almeida respondeu: "Claro, penso que sim. Não terá sido o primeiro nem o último, estas pessoas, e sobretudo quem tem possibilidades económicas, tratam de prever estas fugas se as coisas lhe estão a correr mal".

E acrescenta que Rendeiro "teve todo o tempo do mundo para preparar esta fuga poque tinha o dinheiro, tinha os meios, e tinha os contatos".

O ex-banqueiro foi detido esta manhã pela Polícia Judiciária, em Durban, na África do Sul. O ex-presidente do Banco Privado Português (BPP) fugiu de Portugal em setembro para não cumprir as penas aplicadas pelos crimes de burla e falsificação.

A ex-PGR admite que o que aconteceu no caso Rendeiro "não fica bem [à Justiça], mas não é caso único".

No entanto, Cândida Almeida diz que "a extradição é a Justiça a funcionar". "Fugiu, foi lançado a nível internacional o pedido de captura e agora vai seguir-se o processo de extradição, e ele volta, embora com algum atraso e algum espanto".

"Não devia ser assim. Mas finalmente as regras estão a funcionar, a Justiça está a funcionar", admite.

Cândida Almeida disse também ter estado sempre confiante que a detenção de João Rendeiro ocorreria. "Estamos numa aldeia global, tinha a certeza, quanto se pode ter neste mundo da justiça, que ele mais dia ou menos dia, estaria detido", refere.

A mesma enquadra ainda a detenção explicando que hoje "há muito mais consiência de uma cooperaçãoo internacional", depois do terrorismo e do apoio financeiro ao terrorismo.

Em relação à extradição, Cândida Almeida disse que acredita que tudo acontecerá normalmente. "Tem todos os elementos para que isso corra bem, porque ele já está condenado. Não são suspeitas, são certezas", rematou.