De Roberto Martínez a Miguel Oliveira. Tudo o que foi dito na 2.ª Conferência Bola Branca
22-05-2023 - 20:00
 • Daniela Espírito Santo , Eduardo Soares da Silva , Inês Braga Sampaio , Carlos Calaveiras , Sílvio Vieira

Mais de 20 convidados estiveram no auditório da Renascença para debater o talento, a ética e a igualdade no desporto. Confira tudo o que foi dito ao longo do dia.

A Segunda Conferência Bola Branca dominou, esta segunda-feira, a agenda noticiosa desportiva. E houve muitos motivos para que assim fosse. Recordamos agora alguns dos pontos principais deste dia onde se falou sobre "Talento, Ética e Igualdade no Desporto".

A manhã começou com a "prata da casa", com o administrador do Grupo Renascença Multimédia, a explicar precisamente o motivo da escolha das temáticas. Para José Luís Ramos Pinheiro, "talento sem ética e sem igualdade não chega"... e é mesmo por isso que é preciso refletir sobre "o que é preciso mudar" no desporto português.

"Os temas que escolhemos são muito importantes para a juventude, para oferecermos outras perspetivas de comportamento, de visão, de mentalidade, que são muito importantes para o futuro", defende José Luís Ramos Pinheiro, que não deixou de lamentar os confrontos deste fim-de-semana entre adeptos.

Também Vítor Pataco, presidente do Conselho Diretivo do Instituto Português do Desporto e Juventude (IPDJ), fez questão de criticar os "comportamentos desviantes" que "preenchem os ecrãs das nossas televisões, que preenchem as nossas ruas", que considera "reprováveis" e acontecem com "frequência muito acentuada".

"Ainda ontem nas ruas vimos aquilo que qualquer desportista não quer ver", sublinha, garantindo que todos temos de contribuir para que tal cenário seja uma coisa do passado.

O tema da igualdade foi oficialmente inaugurado por João Paulo Correia. O secretário de Estado da Juventude e do Desporto acredita que há muito trabalho a fazer pela igualdade de género no desporto.

No discurso de abertura da 2.ª Conferência Bola Branca, sobre "Talento, Ética e Igualdade", o representante do Governo com a pasta do desporto acredita que "ainda falta muito tempo" para que clubes sejam presididos por mulheres.

"O número de praticantes femininos tem crescido muito, mas é nas lideranças que se fazem as mudanças. Quanto tempo falta para que o nosso clube de preferência seja presidido por uma mulher? Se conseguirmos responder a esta pergunta, vamos ter a perceção que falta muito tempo para lá chegar", afirma.

João Paulo Correia também aproveitou a sua intervenção na conferência para garantir que o Governo vai apertar com as SAD, com novos critérios para entrada de investidores nas sociedades desportivas a serem conhecidos.

Fernando Gomes também deu novidades na Conferência Bola Branca. O presidente da Federação Portuguesa de Futebol anunciou, esta segunda-feira, que o investimento no futebol feminino vai ser duplicado.

"É o tempo certo para clubes e marcas investirem", defendeu, garantindo que temos assistido, em Portugal, a uma "revolução silenciosa no feminino" e que a FPF quer corresponder com maior investimento.

"Anuncio que, no orçamento da FPF, ficou decidido que vamos duplicar o apoio ao futebol feminino. As seleções passam por um investimento de quatro milhões. Os clubes, em especial os da I Liga, terão apoio de dois milhões. É um aumento que ronda os 100% nos dois casos", enaltece.

E já que falamos de dinheiro, Pedro Proença aproveitou o seu discurso na sessão de abertura da conferência para apelar à redução da carga fiscal sobre os clubes de futebol, de forma a potencial a retenção de talento.

O presidente da Liga de Clubes acredita que é necessário "capacitar os clubes para competirem com os principais concorrentes internacionais". Proença também confirmou que tem trabalhado com o Governo na elaboração do novo regime das SAD.

O primeiro painel do dia versava sobre a primeira temática em destaque: talento. Como descobrimos e o que fazemos com ele? Moderado por Luís Aresta, contou com os contributos de Raquel Sampaio, agente FIFA, Vítor Pardal, coordenador nacional das unidades de apoio ao alto rendimento na escola, e Paulo Noga, diretor scouting da formação do Sporting.

A primeira entrevista do dia aconteceu pouco depois e colocou frente a frente o jornalista João Fonseca e Luís Mendes, vice-presidente de administrador da SAD do SL Benfica.

Naquela que foi a sua primeira grande entrevista, novo vice-presidente dos encarnados falou da atual gestão e das expectativas futuras do clube, que "tem todas as condições para ser campeão". Entre outras questões, Luís Mendes salientou que o Benfica retirou o "máximo de rendimento desportivo" de Grimaldo e que o clube "não pode sair prejudicado pela centralização de direitos" televisivos.

O administrador da SAD benfiquista adiantou, ainda, que "não há nada preparado" para uma eventual saída de Domingos Soares de Oliveira.

Novo debate, nova temática: Igualdade. Como a conquistamos e desenvolvemos no Desporto? Sob o crivo do jornalista Carlos Dias, ouvimos Leila Marques, vice-presidente do Comité Paralímpico de Portugal, Susana Feitor, presidente da Fundação do Desporto e ex-atleta olímpica, e Mónica Jorge, diretora da Federação Portuguesa de Futebol.

A jornalista Inês Braga Sampaio entrevistou o selecionador nacional feminino, Francisco Neto, que seguiu a linha de pensamento de Mónica Jorge e anunciou o objetivo de passar aos oitavos de final do Campeonato do Mundo, que Portugal vai participar pela primeira vez.

Num olhar mais amplo para os problemas do futebol feminino, Francisco Neto incentiva as jogadoras "a não guardarem sempre que se sentem desconfortáveis" e usarem a plataforma de denúncia anónima da FPF quando há casos de abusos.

O futebol feminino está "a avançar" no sentido da profissionalização, mas o selecionador nacional alerta que não chega "só injetar dinheiro".

Depois da pausa para o almoço, o antigo selecionador português e da Coreia do Sul, Paulo Bento, e Paulo Jorge Pereira, selecionador de andebol, estiveram à conversa com a moderação de José Barata sobre talento e as expectativas em relação à formação de novos jogadores.

Rodrigo Cavaleiro, presidente da Autoridade para a Prevenção e Combate à violência no Desporto, Duarte Gomes, antigo árbitro e membro do Conselho Nacional do Desporto, e José Miguel Sampaio e Nora, presidente da Asssociação Portuguesa de Direito Desportivo, debateram o problema da ética no desporto, com olhar especial para a cultura desportiva e a crescente violência no futebol.

Dos relvados para o alcatrão, sobre rodas, Miguel Oliveira, um dos cabeças de cartaz do painel, conversou com o Rui Viegas e explicou que ainda acredita no título de campeão mundial de MotoGP esta época.

Ainda lesionado depois de um início de época acidentado, o piloto de Almada "não tem a certeza quando voltar".

"A lesão no ombro não tem recuperação fixa a nível de tempo, isso comporta que não consiga ter uma certeza de quando voltar. A prioridade é voltar a 100%. Se tiver que demorar mais tempo do que as cinco/seis semanas que estão previstas, assim será”, referiu.

Já perto do fim da tarde, o jornalista Sílvio Vieira moderou o último painel. O tema em discussão foi o que está a mudar no futebol, com o treinador do Casa Pia, Filipe Martins, e os jogadores Francisco Geraldes, do Estoril, e Kika Nazareth, do Benfica.

Os três trocaram ideias sobre o crescimento do futebol feminino, a crescente influência da tática e dos números no treino.

O melhor para o fim. A encerrar a tarde, o selecionador nacional Roberto Martínez acredita que é possível vencer o próximo Europeu, mas há que "qualificar primeiro".

"Temos de ter tempo para crescer, mas temos jogadores no máximo. Passo a passo podemos sonhar juntos. É importante ter objetivos claros e o bom trabalho leva a ganhar”, disse.

O treinador espanhol reforçou que está muito satisfeito com os jogadores que tem visto e que convocou. “Senti responsabilidade e compromisso por parte dos jogadores, podemos fazer equipa muito competitiva, mas as margens [de ganhar Euro ou Mundial] são pequenas”, acrescentou.

O técnico espanhol reforça que “o importante é criar um ambiente de alto rendimento em que todos os jogadores são importantes, não só os do 11 inicial. É isso que faz a diferença num balneário ganhador”.

Roberto Martínez não tem dúvidas: “O grande segredo do talento de Portugal é a formação dos nossos jogadores. Temos 82 jogadores nas cinco grandes ligas europeias”.

Por isso, “temos a possibilidade de ter uma equipa muito competitiva. As equipas ganhadoras precisam de experiência, mas também precisamos de jogadores jovens que têm sonhos”.

Reveja a transmissão da 2.ª Conferência Bola Branca e todos os painéis.