CGTP quer intensificar luta reivindicativa nos próximos quatro anos
26-02-2016 - 00:57
 • Ana Carrilho

Central sindical quer repor o poder de compra e direitos perdidos durante a vigência do anterior Executivo.

A CGTP quer intensificar a luta reivindicativa nos próximos quatro anos para tentar resolver os problemas dos trabalhadores e repor o poder de compra e direitos perdidos durante a vigência do Governo PSD/CDS e a permanência da troika em Portugal.

Apesar da mudança de Governo, a ideia está bem vincada no "Programa de Acção" que a central deverá aprovar no seu 13º Congresso, que decorre nos próximos dois dias em Almada.

O documento não é consensual entre os diversos membros do Conselho Nacional e Comissão Executiva da CGTP. A oposição é assumida por socialistas e bloquistas, liderados por Carlos Trindade, dirigente da Corrente Sindical Socialista, que assume divergências com a direcção da CGTP, nomeadamente em relação à postura que a central tem em relação ao novo Governo socialista, suportado por uma maioria de esquerda que inclui o PCP (onde militam boa parte dos dirigentes da organização sindical).

Em declarações à Renascença, o dirigente da corrente sindical socialista garante que as críticas começaram por ser feitas a nível interno, mas agora têm que se tornar públicas. É o que vão fazer sete sindicatos filiados na Inter liderados por membros socialistas. Por exemplo, não aprovam a atitude da central face ao Governo na Concertação Social.

Carlos Trindade frisa, por isso, que a CGTP não pode estar sempre de pé atrás quando há disponibilidade do Governo para resolver algumas questões importantes para os trabalhadores.

Como já vem sendo hábito em anteriores congressos, os membros socialistas da Inter criticam também o funcionamento interno dos diversos órgãos. Os socialistas querem maior abertura da central e que as tendências minoritárias tenham maior expressão e influência.

No Conselho Nacional, com 147 membros, o equilíbrio deverá manter-se. Quanto à composição da Comissão Executiva – com 20 comunistas, cinco socialistas e quatro independentes e católicos – a discussão fica para depois do congresso. Mas os bloquistas também reivindicam representação. Caso seja aceite, há duas hipóteses: é preciso que alguma das actuais tendências perca um elemento ou que a Executiva passe a ter 30 membros em vez de 29.

Questionado sobre as alterações no funcionamento da central desde a saída do antigo secretário-geral Carvalho da Silva, Carlos Trindade considera que sente um certo “fechamento”. E dá um exemplo: o conceito de democracia, que no actual programa de acção tem direito a um subcapítulo, deverá ser reduzido a um parágrafo no documento a aprovar para os próximos quatro anos. Algo que os membros socialistas vão tentar impedir.

No congresso da CGTP vão participar 730 delegados e mais de 1.500 convidados. Grande parte deles são trabalhadores que vêm de todo o país, mas sobretudo da zona de Lisboa e Setúbal, porque a Inter considera que aqueles que foram sacrificados nos últimos quatro anos devem ter um lugar de honra e ser homenageados no congresso.