​Macron, outra vez
08-03-2019 - 06:58

O seu mandato está a ser uma desilusão quer internamente, com uma contestação permanente com picos intensos.

O Presidente Macron tem um grande problema: é que o seu mandato está a ser uma desilusão quer internamente, com uma contestação permanente com picos intensos como tem sido o dos coletes amarelos, quer externamente com a impossibilidade de fazer passar as suas propostas sobre a Europa.

Claro que a culpa é em grande parte sua. Mas, para sermos justos devemos reconhecer que ele só foi eleito devido a uma conjunção improvável de situações e que por isso a sua base de apoio – que mais que votar em si votou contra Marine Le Pen – é fluida e de pouca confiança.

No entanto, apesar deste reconhecimento temos de convir que Macron tem reagido muitas vezes da pior maneira. Isso é particularmente nítido em relação às suas propostas europeias.

Interiorizou, talvez devido ao muro de dificuldades internas que enfrenta, que será ele o Salvador de que a Europa necessita. Desdobra-se assim em múltiplas propostas, mal concebidas, confusas e na maior parte inexequíveis como as que fez há poucos dias atrás para o que chama um renascimento da Europa (mas renascer de quê e porquê?). Estas últimas propostas assemelham-se ao já extenso rol das anteriores, pois:

- Tentam resolver os problemas criando instituições e agências centralizadoras, ideia típica das mentalidades burocráticas e que em Portugal tem inúmeros seguidores

- Decorrem da confusão intencional sobre o significado do conceito de soberania, pretendendo que a realização da soberania europeia aumentará a soberania de cada pais, o que é um embuste e uma verdadeira burla política, como nós, Portugueses bem sabemos no que se refere por exemplo à política económica e financeira

- Manifestam o maior desprezo pelo princípio da subsidiariedade em prol da realização da soberania europeia.

É assim que, por exemplo, nas actuais propostas se prevê a criação de diversas agências europeias como seja um agência para a protecção das democracias (quem nos protegerá de tal agência?), que se considera que a soberania europeia exige a criação de uma guarda costeira (ou seja, que para entrarmos no nosso próprio País precisemos de autorização dos Espanhóis ou dos Holandeses), ou ainda que deverá existir um salário mínimo europeu, o que é um absurdo e uma violação nítida do princípio da subsidiariedade.

Se Macron pensa que vai ganhar votos nas eleições europeias com este tipo de propostas é bem provável que vá ter uma desilusão.