Situação dos migrantes em Odemira “era um cancro que agora rebentou"
05-05-2021 - 23:13
 • Henrique Cunha

Questionado sobre a inação das autoridades perante as várias denúncias ao longo dos anos, o bispo de Beja admite que, “se não houvesse a pandemia, aquilo ia continuando”.

A situação da falta de condições e exploração dos trabalhadores migrantes e sazonais em Odemira "era um cancro que agora rebentou", afirma o bispo de Beja em declarações à Renascença.

D. João Marcos diz que "qualquer pessoa pressentia” que devia haver exploração dos migrantes que são trazidos para trabalhar nos campos agrícolas.

“Aquilo era um cancro que agora rebentou. Agora a comunicação fala daquilo todos os dias, mas durante estes a anos a realidade não era muito visível, mas qualquer pessoa pressentia que ali deveria haver uma exploração das pessoas”, sublinha.

Questionado sobre a inação das autoridades perante as várias denúncias, o bispo de Beja admite que, “se não houvesse a pandemia, aquilo ia continuando”.


“Em Portugal, muitas vezes, isto funciona assim. Num primeiro momento, ‘deixa lá ver como é que isto vai funcionar’, num segundo momento ‘pronto, a coisa parece que não está bem, mas…’ E há esses esquemas todos, dinheiro que as pessoas também muitas vezes para se calarem recebem.”

A Diocese de Beja vem denunciando a situação há já vários anos. D. João Marcos entende que a inação das autoridades decorre da morosidade na investigação.

“Não era preciso ir às empresas. Basta ir a S. Teotónio e ver a gente, magotes de homens asiáticos rua abaixo rua acima. É uma terra em que há muita gente e muita gente a viver em situações muito duras”, lamenta o bispo de Beja.