Lisboa volta a comemorar os Santos Populares “a 100%”
07-02-2022 - 17:15
 • Marta Grosso com redação, Lusa

“As festas populares são a alma da cidade”, escreve vereador Diogo Moura no Facebook. Há dois anos que não havia arraiais na capital. Este ano, vai celebrar-se Amália.

As Festas Populares de Lisboa estão de volta este ano. A confirmação é do vereador Diogo Moura, da Câmara da capital. As festas regressam "com marchas, arraiais e casamentos".

“Dois anos depois da paragem imposta pela pandemia, as festas da cidade de Lisboa estão de volta, para alegrar o mês de junho”, anuncia, adiantando que “a Altice Arena já está reservada para as exibições das marchas populares”.

“As festas populares são a alma da cidade. É nosso desejo e vontade que se realizem a 100 por cento", escreve ainda Diogo Moura, vereador da Cultura.


As festividades foram canceladas em 2020 e 2021 devido à Covid-19. Agora, deverão regressar, sendo que, já em janeiro, o presidente da Câmara, Carlos Moedas, tinha adiantado que as marchas estariam de regresso.

“Só será se a situação pandémica piorar muito, só se tivermos uma nova variante que venha com mais força, uma variante que venha impossibilitar a realização de eventos de grande massa” que o Santos não se farão, afirmou na terça-feira o vereador do CDS-PP à agência Lusa.

“É extremamente importante que as Festas de Lisboa ocorram”, pois as coletividades passaram dois anos de muitas dificuldades, defende ainda o responsável pela Cultura na Câmara de Lisboa.

Riscos partilhados

“Percebemos que todos vamos ter que correr riscos, [...] é um risco que todos partilhamos, com a consciência de que queremos mesmo fazer as festas, portanto fazê-lo com toda a segurança", realçou o vereador, reforçando que a Câmara de Lisboa está a trabalhar para antecipar os vários cenários de evolução da pandemia, inclusive para ter um plano pronto a ativar no caso de um pior cenário, para poder realizar todas as iniciativas programadas.

Diogo Moura apontou como exemplo as marchas populares, em que está previsto o habitual desfile na Avenida da Liberdade: se a pandemia impossibilitar que decorra em espaço público, o plano B é a atuação no Altice Arena, que tem lugares marcados nas bancadas.

A decisão de retomar as festividades, que fazem parte da "identidade e tradição" da cidade, "foi uma lufada de ar fresco" para as coletividades e associações, pelo que têm "uma vontade enorme" de fazer com que "as festas possam ser uma realidade, na medida do possível iguais a uma situação normal", apontou o vereador, que tem a competência de acompanhamento da atividade da Empresa de Gestão de Equipamentos e Animação Cultural (EGEAC), entidade municipal que organiza o evento.

Celebrar Amália

O tema das Festas de Lisboa para este ano recupera o previsto para 2020, com a celebração dos 100 anos do nascimento da fadista Amália Rodrigues, que serve de mote ao concurso das marchas, até porque algumas coletividades já tinham investido em adereços e "não faria sentido que esse investimento caísse por terra", mas o programa contemplará também o marco presente dos 100 anos do Parque Mayer.

Sobre as marchas, o concurso inclui os mesmos 20 grupos previstos para 2020 e as coletividades já estão a acautelar as condições de segurança, inclusive espaços abertos que permitam circulação de ar, para que os ensaios, que devem começar em março, "decorram com a maior normalidade, mas com toda a segurança".

Cada marcha tem a obrigação de ter 24 pares de marchantes. A seleção dos participantes é da responsabilidade das coletividades, que podem colocar novos requisitos no momento da inscrição, como a obrigatoriedade de certificado de vacinação – é o caso da Marcha de Alcântara – mas o conselho do vereador é que tenham mais marchantes do que o número obrigatório, "para terem alguma salvaguarda caso alguém de repente fique em isolamento ou contraia Covid-19".

Questionado sobre o financiamento das marchas, o autarca revelou a intenção de manter a atribuição de 30 mil euros a cada grupo participante.

Casamentos avançam, arraiais vão ter regras

Relativamente aos tradicionais casamentos de Santo António, com a união de 16 casais, a ideia é manter o habitual modelo, decisão que será tomada na próxima semana, para que se proceda à abertura de inscrições.

Quanto aos arraiais – os oficiais da EGEAC, que são apoiados pela Câmara de Lisboa, e os que são licenciados pelas 24 juntas de freguesia – Diogo Moura assegurou que todos os pedidos "serão devidamente acompanhados por pareceres da Proteção Civil".

"Teremos que perceber, consoante as zonas da cidade, quantos arraiais é que podemos ter, tendo em conta o espaço público diminuto e que regras é que vamos aplicar [...], ouvindo as entidades competentes nesta matéria", destacou, adiantando que está a ser feito "um levantamento muito inicial" de quais as possibilidades de funcionamento dos arraiais ou que restrições é que podem ter, assim como avaliar que adaptações é necessário fazer.

Admitindo que "muitas vezes é difícil" controlar a aglomeração de pessoas, o autarca assegurou que, consoante a situação pandémica na altura, a Câmara terá "vários planos previstos, planos de contingência com as entidades competentes, envolvendo as juntas de freguesia, envolvendo os organizadores de arraiais, para obviamente evitar ao máximo que haja ajuntamentos".

"Com as regras claras para todos, podemos perceber quais é que podemos licenciar ou não. Temos zonas da cidade que têm uma maior concentração de arraiais, principalmente as zonas históricas. Agora é preciso garantir aqui um determinado número de critérios de segurança [...], mas queremos que as entidades competentes também nos ajudem a elaborar estes planos de contingência que são extremamente importantes para garantir a segurança de todos", indicou.


[Notícia atualizada no dia 08 de fevereiro, com declarações do vereador Diogo Moura à agência Lusa]