UGT. “Não podem ser permanentemente os trabalhadores portugueses a pagar”
01-05-2023 - 17:25
 • Beatriz Pereira

Mário Mourão, secretário-geral da UGT admite que o tempo “ é de mobilização e luta” e que “há ainda muito por fazer”.

O secretário geral da UGT, Mário Mourão, desafiou esta segunda-feira o Governo para que “seja firme e determinado na defesa dos interesses dos trabalhadores portugueses” e que seja travada “toda e qualquer tentativa” da Comissão Europeia e do Banco Central Europeu “a dar aos de sempre a fatura a pagar”.

O dirigente sindical, que discursou nas celebrações do primeiro de maio nos jardins de Belém, em Lisboa, afirmou que os trabalhadores e as suas reivindicações "não podem continuar a servir de bode expiatório para justificar as eventuais oscilações da taxa da inflação” e que “seja qual for a inflação, no futuro não vamos permitir que sejam dirigidas culpas aos trabalhadores”.

No mesmo discurso, Mário Mourão referiu que não terá hesitações em acionar “a cláusula de salvaguarda do Acordo de Rendimentos” no caso de acontecer “um agravamento da situação económica” do país, “para que situações passadas não se voltem a repetir, nomeadamente as que fragilizam a situação já precária dos trabalhadores e das suas famílias". “Não aceitaremos que este Acordo se fique pelo papel e que não seja acompanhado por políticas que lhe deem forma e consistência”, acrescentou.

Ainda no discurso, Mourão falou sobre os resultados da economia portuguesa e reconheceu que este “podem e devem ser usados para fazer face em primeira linha aos problemas dos portugueses”.

Junto a centenas de trabalhadores que se encontravam em celebração do Dia do Trabalhador, vindos de várias zonas do país, o líder da UGT garantiu que “há ainda muito a fazer”.

"Se não corrigirmos a rota, estamos a caminho das derrocadas"

António Rodrigues Lopes tem 67 anos e veio de Viseu para celebrar a data em Lisboa. Professor universitário e membro do sindicato de professores da UGT, diz marcar presença "por solidariedade por quem sofre e é injustiçado".

"Estou aqui no primeiro de maio por uma questão de justiça e indignação contra má gestão política pública que é feita neste país", afirma, indicando que, se Portugal "não corrigir a rota, estará a caminho da derrocada".

"Professor toda a vida por opção", António diz-se "injustiçado": “Chega de sofrimento, chega de maus tratos e de inconsideração que é feita pela sociedade através das políticas que o Estado vai promovendo”.