Professores. Rio acusa Costa de "golpe palaciano", recua e vai propor “salvaguarda financeira que PS rejeitou”
05-05-2019 - 18:32

O presidente do PSD fez uma declaração à imprensa, dois dias depois da crise política provocada pela ameaça de demissão do primeiro-ministro.

O líder social-democrata garante que “o PSD vai manter coerentemente as suas posições sem qualquer alteração”, propondo à Assembleia da República uma cláusula de salvaguarda financeira no diploma de recuperação do tempo integral de serviço dos professores. “Se o PS votar contra a nossa proposta de salvaguarda financeira, então ficará ainda mais a nu a hipocrisia e a farsa quer o líder socialista montou”, diz Rui Rio.

Caso as medidas de salvaguarda financeira - que o PS rejeitou na Comissão de Educação - não sejam aprovadas, então o PSD votará contra o diploma. "Fica nas mãos do Governo decidir cumprir a legislatura ou criar instabilidade gratuita", diz o líder do PSD.

Rio lembrou ainda que a contagem dos 9 anos reclamados pelos professores "pode ser reconhecida de diversas formas": ajustamentos salariais, redução do horário de trabalho e antecipação da reforma.

Rui Rio reagiu esta tarde, numa declaração à imprensa, sem direito a perguntas, dois dias depois da crise política provocada pela ameaça de demissão do primeiro-ministro. O presidente do PSD acusa o primeiro-ministro de ter ensaiado "um golpe palaciano" sobre um diploma que ainda não está fechado.

Rui Rio considera que António Costa "quis perturbar a campanha eleitoral para as eleições europeias" que, diz, "está a correr bastante mal" ao PS.

"O PS e o Governo assumiram que o tempo [de serviço dos professores] fosse todo contado", lembra o líder social-democrata. "Perante a falta à palavra dada por parte do PS, todos os partidos apresentaram propostas", acrescentou.

Rui Rio acusa o Governo de “acenar com o papão da orgia parlamentar”. “Foi deplorável ver o ministro das Finanças emendar um conjunto de números falsos sobre o impacto desta medida”, disse.

Na sexta-feira, o primeiro-ministro anunciou que comunicou ao Presidente da República que o Governo se demitirá caso a contabilização total do tempo de serviço dos professores seja aprovada em votação final global no parlamento. Rui Rio classificou a atitude de António Costa como um “ato desespero” e uma “encenação com fraco sentido de estado”. “Um gesto a fazer lembrar o golpe interno no PS contra António José Seguro”, acrescentou.

O parlamento aprovou na quinta-feira, na comissão parlamentar de Educação, uma alteração ao decreto do Governo, com os votos contra do PS e o apoio de todas as outras forças políticas, estipulando que o tempo de serviço a recuperar são os nove anos, quatro meses e dois dias reivindicados pelos sindicatos docentes.