O ex-primeiro-ministro José Sócrates acusa o Ministério Público de estar a praticar “terrorismo de Estado" e volta a criticar a falta de uma acusação formal na “operação Marquês".
José Sócrates responde ao Ministério Público, que decidiu alargar por mais seis meses o prazo para a dedução de uma acusação, num artigo publicado esta segunda-feira no Jornal de Notícias, intitulado "Um processo excepcional".
No artigo, Sócrates sublinha que, um ano e meio depois da detenção, não foram apresentadas provas.
“Primeiro detiveram dizendo que tinham provas definitivas e concludentes. Três meses depois, a prova estava “consolidada”. Aos seis meses, estava “consistente” e “robusta”. Nove meses depois estava... sei lá, de betão armado. Dezasseis meses depois, nem factos, nem provas, nem acusação. Agora querem mais seis meses, e depois se verá. Até onde levará o Ministério Público tal abuso?”, escreve.
O antigo primeiro-ministro fala do desrespeito pelas garantias e direitos e lembra que o prazo já foi ultrapassado, acusando o Ministério Público de abuso e de ter colocado a investigação “fora da lei".
José Sócrates sugere que está a ser “tratado de forma excepcional" num processo que “em tudo é excepcional”.
Sócrates, que foi detido em Novembro de 2014, é investigado por suspeitas de corrupção, branqueamento e fraude fiscal qualificada.
Na passada quarta-feira, o director do Departamento Central de Investigação e Acção Penal deu ao procurador titular da "Operação Marquês" mais seis meses - até 15 de Setembro - para concluir o inquérito que envolve o ex-primeiro-ministro.