E vão dois. Depois de Costa e Metsola, falta a eleição de Von der Leyen para cumprir o acordo
16-07-2024 - 16:02
 • Pedro Mesquita em Estrasburgo

Bugalho diz esperar que não seja necessário a influência de Costa para que os socialistas cumpram com a sua palavra. Temido diz que não há cheques em branco, mas refere que a sua família política é confiável.

Roberta Metsola garantiu a reeleição como presidente do Parlamento Europeu, por uma maioria “absolutíssima” de 562 votos, mas permanece a incerteza sobre a recondução de Ursula Von der Leyen, como presidente da Comissão Europeia. Há muito que PPE, S&D e Liberais chegaram a acordo para aprovar estes três nomes, mas a atual presidente ainda vai a votos, para garantir a recondução no cargo. A questão é que o voto é secreto, e a reeleição de Von der Leyen ainda não está assegurada.

É neste quadro que ganha importância a visita a Estrasburgo, esta tarde, de António Costa, apesar de só assumir em dezembro as funções de presidente do Conselho Europeu. Costa vai reunir-se esta tarde com os deputados da família Socialista e Democrata e, nos passos perdidos do Parlamento Europeu, ganha força a tese de que o antigo primeiro-ministro tentará convencer os eurodeputados da importância de respeitar o compromisso alcançado, e de viabilizarem a reeleição de Ursula Von der Leyen.

Sebastião Bugalho do PPE, família política a que pertence a atual presidente da Comissão Europeia, espera que não seja necessário a influência de Costa para que os socialistas cumpram com a sua palavra.

"Espero que não haja necessidade, mas o que é facto é que o Doutor António Costa integra uma solução a três, como dizíamos há pouco, das três maiores famílias europeias", disse o eurodeputado português. "Se o acordo fosse incumprido — é um cenário que eu não coloco. —, mas se o acordo fosse incumprido por uma das partes, naturalmente que António Costa, que já está eleito Presidente do Conselho Europeu, enfrentaria um cenário de politicamente complexo e seria complexo não só para ele, mas como para toda a Europa."

Ouça aqui as declarações de Sebastião Bugalho

Sebastião Bugalho disse ainda que esse não será, com certeza, o desejo de António Costa. "Nem ele desejará isso, nem nós no PPE, nem nós nem delegação portuguesa da AD desejamos isso. Portanto, qualquer contributo que António Costa dê para a estabilidade europeia e para os socialistas europeus se unirem em torno deste acordo, será um acordo positivo, até porque o integra a ele."

Em nome dos socialistas, Marta Temido defende que os eurodeputados socialistas são “confiáveis” e que os acordos são para cumprir, embora acrescente que “não há cheques em branco”. A questão que se coloca, argumenta a eurodeputada, é como é que se conjugam estes dois princípios? A chefe da missão do PS no Parlamento Europeu garante que não são incompatíveis.

"As duas coisas são perfeitamente compatíveis e eu explico: nós somos confiáveis em relação àquilo que assumimos como compromissos e, portanto, em termos daquilo que é o sentido da nossa votação. Naturalmente que os compromissos que assumimos têm por base não posições, mas conteúdos políticos e, portanto, esses conteúdos políticos tem que ser respeitados", acrescentou Marta Temido.

Ouça aqui as declarações de Marta Temido

Ou seja, independentemente de haver um compromisso, este ainda é o tempo de negociar uma estratégia política que seja compatível entre as duas maiores famílias políticas no Parlamento Europeu. A eleição de Ursula Von der Leyen está marcada para a próxima quinta-feira e há que aguardar pacientemente pelo resultado para saber se o compromisso alcançado se traduz na recondução da presidente da Comissão Europeia. Ou se, pelo contrário, haverá alguma surpresa na hora da contagem. Não seria inédito.