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Portugal registou, nas últimas 24 horas, o maior aumento de mortes por Covid-19, desde o início do surto no país, com uma taxa de letalidade muito acima da média calculada a nível global.
Dos 340 óbitos declarados ontem, data de referência do mais recente boletim da Direção-Geral de Saúde (DGS), apresentado esta sexta-feira, 37 estão diretamente associadas com a Covid-19, o que representa 6% do total.
Com este novo pico nacional, a letalidade do vírus em Portugal aumenta para 2,5%, um valor superior à taxa de letalidade calculada a nível global.
Investigadores do Centro MRC de Análise de Doenças Infecciosas, do Imperial College em Londres, apontavam esta semana para uma taxa de letalidade global do coronavírus a rondar 1,4%. De acordo com os mesmos especialistas, este valor pode até ser de 0,7% com o devido ajuste do número de casos não diagnosticados em todo o mundo.
A taxa de letalidade, ou coeficiente de letalidade, corresponde à proporção entre o número de mortes por uma doença e o número total de pessoas que sofrem dessa doença, ao longo de um determinado período de tempo -- ao contrário da taxa de mortalidade, um índice demográfico que reflete o total de óbitos causados por determinada doença.
Ainda de acordo com os dados atualizados pela DGS esta sexta-feira, pessoas com mais de 70 anos continuam a ser as mais vulneráveis e neste grupo etário o mesmo indicador sobe para 10%. Já o número de óbitos associados à Covid-19 é superior entre os homens (143), apesar de as mulheres (103) representarem a maior percentagem do total de infetados (56%).
Segundo os dados do sistema nacional de informação dos certificados de óbito (SICO), desde dia 24 de março que a mortalidade diária em Portugal ultrapassa os valores dos últimos 10 anos, à exceção de três dias em 2018.
A Renascença tinha já noticiado um aumento da mortalidade no último mês. Jorge Félix Cardoso, em conjunto com equipa de investigadores do Centro de Investigação em Tecnologias e Serviços de Saúde (CINTESIS), avaliou as tendências da mortalidade nos meses de fevereiro e de março para todos os anos entre 2009 e 2020.
As conclusões foram claras: até ao dia 27 de março, Portugal registava aproximadamente 600 mortes acima do expectável, uma tendência de aumento que não se verificava há mais de uma década.
Esta sexta-feira, em entrevista à Renascença, o primeiro-ministro, António Costa, admitiu a subnotificação de óbitos com Covid-19.
"Sabe-se que a Covid-19 não ataca da mesma forma todas as pessoas e é isso que a torna muito perigosa, porque podemos estar contaminados sem sentir qualquer sintoma", referiu Costa. "Se é possível que existam pessoas que possam ter falecido por outras causas e estivessem infetadas? Sim, é possível."