Passos escreveu a Sócrates a prometer apoio a vinda da troika
16-09-2015 - 01:22

Numa missiva datada de Março de 2011, o então líder da oposição prometeu apoiar um pedido de resgate.

A edição desta quarta-feira do jornal "Público" revela uma carta enviada, em 2011, por Pedro Passos Coelho ao então primeiro-ministro José Sócrates a prometer o apoio do PSD a um eventual pedido de ajuda à troika, que haveria de acontecer dias depois.

“Entendo ser meu dever levar ao seu conhecimento que, se essa vier a ser a decisão do Governo, o Partido Social Democrata não deixará de apoiar o recurso aos mecanismos financeiros externos, nomeadamente em matéria de facilidade de crédito para apoio à balança de pagamentos”, escreveu Passos Coelho na missiva agora publicada.

A carta de sete parágrafos é datada de 31 de Março de 2011. José Sócrates haveria de pedir a ajuda internacional poucos dias depois, a 6 de Abril, e apresentar a demissão do cargo de primeiro-ministro.

Passos Coelho começa, em tom “profundamente preocupado”, por dizer que ficou a saber, pelo governador do Banco de Portugal, que o sistema financeiro nacional “não se encontra, por si só, em condições de garantir o apoio necessário para que o Estado português assegure as suas responsabilidades externas em matéria de pagamentos nos meses mais imediatos”

Algumas linhas mais à frente, o então líder da oposição alerta para as “gravíssimas consequências” de um incumprimento e defende que o Governo deveria tomar as “medidas indispensáveis para evitar tal risco”, dando luz verde à vinda da troika.

Passos Coelho viria a manifestar publicamente esta posição dias depois. A 2 de Abril de 2011, declarou que, que, sendo eleito primeiro-ministro, caso o país precise de ajuda externa não hesitaria “um segundo”, considerando que “não se deixa um país a correr riscos que são desnecessários”.

A carta de Pedro Passos Coelho a José Sócrates é divulgada na contagem decrescente para as eleições legislativas de 4 de Outubro.

O plano de resgate da troika foi um dos temas que marcou o último debate televisivo de Passos Coelho com o líder socialista, António Costa.