“Novo fôlego” no processo de canonização do Padre Cruz
10-10-2019 - 13:56
 • Ana Lisboa

Está concluída a parte histórica do processo. Falta elaborar o documento final que será enviado para o Vaticano.

O processo de canonização do Padre Cruz gozou recentemente de um “novo fôlego” com a conclusão do processo histórico, e entra agora numa nova fase.

Depois de 10 meses a avaliar este processo, a Terceira Comissão Histórica “apresentou a relação dos seus trabalhos ao Tribunal Eclesiástico da Causa no passado dia 1 de Outubro”, precisamente o dia em que se assinalaram os 71 anos da morte do Padre Francisco Rodrigues da Cruz, refere um comunicado da Província Portuguesa da Companhia de Jesus. O Notário do Tribunal validou e atestou os documentos.

A comissão de peritos afirmou “nada ter encontrado que impeça a canonização do Padre Cruz”.

Encerrada esta importante fase, “o relatório e os documentos terão de ser agora apresentados pelo postulador, padre Pascual Cebollada, à Congregação para as Causas dos Santos, para serem aprovados”.

A congregação terá agora que nomear um relator “que depositará no postulador da Companhia de Jesus e no vice-postulador, padre Dário Pedroso, o encargo de redigir a ‘Positio’, que é o documento final que resumirá toda a vida do Padre Cruz, a sua biografia, bem como os documentos e testemunhos que pretendem atestar a sua vida de santidade, assim como o documento agora apresentado pela Comissão Histórica”, refere esta nota dos Jesuítas.

Quando este documento final for enviado para a Congregação para as Causas dos Santos, estará concluída “a fase diocesana do processo de canonização, cabendo depois à Santa Sé a condução da causa. Antes da canonização, o Padre Cruz terá ainda de ser declarado beato, sendo necessário atestar um milagre atribuído à sua intercessão”.

Quem foi o Padre Cruz

O Padre Francisco Rodrigues da Cruz, nasceu a 29 de julho de 1859 e faleceu a 1 de outubro de 1948.

Vulgarmente conhecido como Santo Padre Cruz, “foi um sacerdote jesuíta que viveu toda a sua vida empenhado em assistir e consolar os mais frágeis”.

“Querido e venerado por muitos milhares de portugueses e também estrangeiros, deixou uma marca viva e profunda nos locais que foi visitando, o que explica a enorme devoção e memória existente em todas as dioceses”. Vários países chegaram mesmo a publicar biografias acerca do Padre Cruz.

Apesar dos problemas de saúde que teve, “a vontade de servir o próximo nunca atenuou o fulgor do seu apostolado, caracterizado pela entrega aos mais pobres”.

Ao longo da sua vida, “tentou por várias vezes entrar na Companhia de Jesus, mas só viu o seu desejo concretizado no final da vida, uma vez que a sua débil saúde nunca se adequou à enorme exigência do percurso formativo dos jesuítas. Profundamente marcado, desde cedo, pela experiência dos Exercícios Espirituais de Santo Inácio, acabou por se tornar jesuíta apenas aos 80 anos, numa altura em que já tinha uma vida de santidade e um apostolado intenso”, como sublinhou o presidente da Comissão Histórica, padre António Júlio Trigueiros.

A devoção ao Padre Cruz está ainda hoje muito presente entre os portugueses, como atesta a mobilização de tantas pessoas que vão rezar junto ao jazigo onde está sepultado, no cemitério de Benfica, em Lisboa.