Último dia de campanha no PSD. A revelação, o desmentido e a "onda laranja"
12-01-2018 - 21:23

Pedro Santana Lopes e Rui Rio concordaram na recta final: a campanha foi positiva, esclarecedora e não abriu uma fractura exposta no PSD.

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Uma revelação polémica, um desmentido, feridas para sarar, balanços positivos e até Trump, Kim Jung-un, Rajoy e Puigdemont “entraram” no filme do último dia de campanha à liderança do PSD disputada entre Pedro Santana Lopes e Rui Rio.

O "cúmulo da anedota". Foi assim que Pedro Santana Lopes negou a revelação de Pacheco Pereira sobre uma reunião entre os dois, em 2011, com vista à criação de um novo partido para concorrer com o PSD.

Santana Lopes negou ter convidado Pacheco Pereira para formar um novo partido e fez várias comparações.

"Chegamos ao cúmulo da anedota, que é dizer-se que poderia acontecer que eu quisesse fazer uma outra força política imaginem com quem. Era como se o presidente da Coreia do Norte quisesse ir ao cinema com o presidente Trump (EUA), era mais ou menos a mesma situação", afirmou num discurso a militantes e apoiantes em Lamego.

"Ou era como se o senhor Rajoy quisesse formar um partido político com o senhor Puigdemont, a probabilidade é exactamente a mesma", reforçou. Santana Lopes diz que não recebe “lições de combate no PPD-PSD e de amor ao PPD-PSD".

Horas mais tarde, em Viseu, voltou a ser confrontado com a polémica do dia. O antigo primeiro-ministro que quer voltar a liderar o PSD respondeu: “A campanha foi tão bonita que golpes, não vale a pena...”

Rui Rio também quer mandar no PSD e foi questionado se as declarações de Pacheco Pereira vêm dar mais força à sua campanha.

Em Santa Maria da Feira, à margem da uma visita ao Centro Social de São Tiago de Lobão, o antigo presidente da Câmara do Porto demarcou-se do episódio.

“Isso é um problema entre o dr. Santana Lopes e o sr. Pacheco Pereira. O que eu notei desde o início da campanha é que o dr. Santana Lopes andava ansioso por ter ali um debate com o dr. Pacheco Pereira e eu estava a ver que acabava a campanha e ele não conseguia ter o debate. Lá conseguiu. Sobre a conversa entre Santana e Pacheco é entre os dois”, disse Rui Rio aos jornalistas.

A onda de Santana. Rio vê PSD com nova vida

Os dois candidatos fazem um balanço “muito positivo” de três meses de campanha.

Santana Lopes correu “Portugal de lés a lés” e encontrou um PSD “mobilizado”. “Estou feliz pela decisão de me candidatar, sobretudo pela onda que vi pelo país todo”, disse.

Se ganhar as eleições, quer “unir o partido”, juntar as pessoas em “projectos mobilizadores”, para depois “partir para a conquista do país”.

Rui Rio considera que o país está a assistir a uma “revitalização do PSD”, com muitos militantes que andavam arredados das lides partidárias a regressarem.

"Quando os debates são moles..."

A campanha ficou marcada por duras trocas de acusações entre as duas candidaturas. As feridas podem ficar saradas? Os dois candidatos garantem que sim.

“Não saem grandes feridas. Há aquelas picardias e tal, mas compare esta campanha com a do PS e, aí sim, ficaram feridas que ainda hoje não estão saradas. Não me parece que no PSD isso vá acontecer. Pode sempre haver um caso ou outro, lá muito local, que eu desconheço”, afirma Rui Rio.

Santana Lopes considera que as polémicas “não prejudicaram” a campanha do PSD. “As pessoas gostam sempre dos dois lados. Não gostam muito de ver crispação exagerada, mas também quando os debates são moles ou são só programáticos dizem que o debate foi pouco interessante e pouco vivo. Quando dois candidatos se encontram frente a frente é natural que haja intensidade”, afirma o candidato.

As eleições no PSD estão marcadas para este sábado. Cerca de 70 mil militantes vão escolher o sucessor de Pedro Passos Coelho.