“Pedimos perdão, com vergonha, a quem ferimos pelos nossos pecados. Dá-nos a coragem de um sincero arrependimento para uma autêntica conversão”, disse Francisco esta tarde, no final de uma vigília de oração, na véspera da abertura do Sínodo que começa amanhã.
Antes do “mea culpa” do Papa, os cerca de 400 participantes ouviram algumas testemunhas que revelaram, na primeira pessoa, as suas feridas e experiências dolorosas, relacionadas com abuso sexual, guerra, indiferença e discriminação.
Vários cardeais pediram perdão pelos vários pecados cometidos e também pelas ofensas contra a criação, contra a pobreza e até contra a inércia da igreja e a falta de escuta e comunhão. Por exemplo, o pedido de perdão pelos pecados de abuso foi lido pelo cardeal Sean O’Malley, bispo emérito de Boston e conselheiro do Papa: “Peço perdão e sinto-me envergonhado por todas as vezes que usámos o estatuto do ministério ordenado e da vida consagrada para cometer este terrível pecado, sentindo-nos seguros e protegidos enquanto nos aproveitávamos diabolicamente dos mais pequenos e dos pobres. Perdoa-nos, Senhor”.
O cardeal Michael Czerny, Prefeito do Dicastério para o Serviço do Desenvolvimento Humano Integral deu voz às feridas da tragédia das migrações: “Peço perdão e sinto-me envergonhado por termos assumido e participado na globalização da indiferença perante as tragédias que transformam as rotas marítimas e as fronteiras entre as nações de um caminho de esperança num caminho de morte para tantos migrantes. O valor da pessoa é sempre maior do que o da fronteira”.
Depois das intervenções feitas por sete cardeais, o Papa explicou as razões desta celebração: “Quis escrever os pedidos de perdão, que foram lidos por alguns cardeais, porque era necessário chamar pelo nome e apelido os nossos pecados principais, que nós escondemos ou dizemo-los com palavras educadas”, afirmou. “Só curando as relações doentias é que podemos ser Igreja sinodal”, disse aos que amanhã começam os trabalhos do Sínodo sobre a sinodalidade.
Para Francisco, trata-se de uma questão de credibilidade, pois “como poderemos ser credíveis na missão, se não reconhecemos os nossos erros e não nos inclinamos para curar as feridas que provocámos com os nossos pecados? A cura das feridas começa confessando o pecado que praticámos.”, sublinhou.
Por fim, dirigindo-se a Deus, implorou: “Pedimos-te perdão por todos os nossos pecados, ajuda-nos a restaurar o teu rosto que desfigurámos com a nossa infidelidade.”