Em agosto alguns socialistas propuseram que o PS deixasse passar o Orçamento de Estado sem negociar quaisquer contrapartidas. Seria uma maneira de o PS evitar uma crise política, sem ficar responsável perante o eleitorado quanto ao conteúdo daquele Orçamento.
Mas Pedro Nuno Santos (PNS), o líder socialista, recusou essa hipótese. Ele pretende obter concessões do Governo e só deixará passar o OE25 se puder apresentar aos seus apoiantes os benefícios que conseguiu.
E se PNS não lograr obter do Governo as concessões que pretende? Então o Governo cai e o país irá para novas eleições.
Sabe-se como os portugueses não desejam eleições e previsivelmente castigarão nas urnas quem levar à queda do Governo. O que conduz a que a batalha entre o PS e a Aliança Democrática se concentre agora em apontar à opinião pública o culpado pela queda do Governo e pela crise daí decorrente.
Luís Montenegro ainda não deu passos no sentido de negociar com o PS o Orçamento para 2025. Disse ele que negociações só seriam em setembro. Ora já estamos em setembro.
Os portugueses estão atentos ao que se passa. Se o primeiro ministro não avançar rapidamente com negociações sérias, arrisca-se a ser responsabilizado pelos eleitores por o seu Governo ter caído. Esta é uma perspetiva que PNS não ignora e para ela estará a trabalhar.
Veremos se o teatro político neste mês de setembro se resumirá em debater quem terá a culpa de não haver Orçamento para 2025. Ou se os políticos nesta altura no palco mostram sentido de Estado e respeito pelos cidadãos eleitores.