Jerónimo de Sousa e o Orçamento do Estado: "O dinheiro não estica e não há bruxas"
15-12-2019 - 18:09
 • Renascença com Lusa

Para ter a aprovação do PCP, o documento tem de responder aos "problemas dos trabalhadores, dos reformados, dos pequenos e médios empresários, e ao Serviço Nacional de Saúde, à escola publica e aos transportes".

O secretário-geral do Partido Comunista Português disse este domingo que o Orçamento do Estado para 2020 tem de dar resposta aos problemas dos trabalhadores para merecer um posicionamento favorável do partido.

Jerónimo de Sousa falava num almoço de fim de ano organizado na Parede pela concelhia do PCP de Cascais, em que referiu que "o quadro não é bom" porque "o dinheiro não estica e não há bruxas".

"Para merecer um posicionamento favorável do Partido Comunista Português tem de dar resposta aos problemas nacionais, aos problemas dos trabalhadores, dos reformados, dos pequenos e médios empresários, e ao Serviço Nacional de Saúde, à escola publica e aos transportes", disse.

O secretário-geral do PCP referiu que o programa do Governo do PS "já era um mau sinal" e que, embora não tenha ainda a proposta de Orçamento do Estado para se pronunciar, considera que o quadro não é bom.

"Amanhã vamos ver o resultado, mas temos esta nota de inquietação profunda", disse adiantando que o PCP não fica apenas preocupado, avançando com proposta de aumento de salários, de reforço do aumento das pensões e da reforma, da criação de uma rede pública de creches para que todas as crianças até aos 3 anos tenham um lugar numa creche assim como o reforço do financiamento da segurança social.

O Conselho de Ministros aprovou no sábado a proposta de Orçamento do Estado para 2020, tendo o primeiro-ministro indicado que dá continuidade à política orçamental iniciada em 2016.

A proposta de Orçamento do Estado de 2020 do Governo minoritário socialista vai ser entregue na Assembleia da República na segunda-feira, seguindo-se as fases de discussão na generalidade e na especialidade, que se vão estender até 6 de fevereiro, altura agendada para a sua votação final global.

No almoço convívio com militantes, Jerónimo de Sousa disse em jeito de balanço que o ano que passou foi de grande exigência, destacando que nas legislativas realizadas a 05 de outubro a CDU não conseguiu alcançar a condição fundamental para o desenvolvimento da situação política e social que era o seu reforço e o PS não ter a maioria.

Esta era, acrescentou, a condição para garantir e alicerçar os direitos, os avanços alcançados de 2015 a 2019.

Jerónimo de Sousa considera que o Partido Comunista Português foi alvo de uma violenta ofensiva na campanha eleitoral, "tão violenta que muitos comentadores de serviço chegaram a considerar que o PCP ia desaparecer, iria ficar residual".

"Tivemos batalhas importantes com duas eleições comprometidas pela violência da ofensiva a que fomos sujeitos, se desafiámos o capital tivemos a resposta", disse adiantando que isto "levantou dificuldades imensas ao partido".

Contudo considera que quem considerou que o partido ia desaparecer subestimou a história do PCP.

"Este partido com uma história de quase 100 anos sempre resistiu à ofensiva quando a polícia política e o fascismo declarava que desta vez é que foi, liquidámos o PCP", disse adiantando que nestas alturas a direção do partido dizia que era necessários ir para junto dos trabalhadores e do povo porque era lá que se defendiam e contra atacavam na procura de uma solução para os problemas nacionais.

Neste quadro exigente que o PCP viveu este ano, adiantou, mais de 1.100 trabalhadores aderiram ao Partido Comunista Português.

"Devemos lutar por um ano novo melhor", disse adiantando que "as derrotas não desanimam e as vitórias não descansam" porque "esta quadra é um tempo de esperança".