O líder de Taiwan, William Lai, comprometeu-se esta quinta-feira a "resistir à anexação" da ilha, que a República Popular da China reivindica como parte do seu território a ser reunificado um dia, pela força, caso seja necessário.
"Vou manter o meu compromisso de resistir à anexação ou à usurpação da nossa soberania", declarou Lai, durante um discurso, proferido em frente ao palácio presidencial de Taipé, nas celebrações do Dia Nacional.
Nos últimos dias, as ruas de Taipé e de várias cidades da ilha encheram-se de bandeiras para celebrar o Dia Nacional da República da China [nome oficial de Taiwan], uma data que comemora o início da Revolução Xinhai, a 10 de outubro de 1911, que terminou com o derrube da última dinastia imperial e a criação de uma república.
Depois da vitória das tropas comunistas na guerra civil chinesa (1927-1949), Mao Zedong proclamou a criação da República Popular da China em 01 de outubro de 1949, o que levou o governo da República da China, então liderado pelo nacionalista Chiang Kai-shek, a retirar-se definitivamente para Taiwan em dezembro do mesmo ano.
Desde então, Taiwan tem sido governada autonomamente, embora o seu estatuto internacional tenha sido consideravelmente reduzido nos últimos anos devido à pressão diplomática de Pequim, que reivindica a soberania sobre a ilha.
As relações entre Pequim e Taipé agravaram-se desde 2016, quando Tsai Ing-wen se tornou líder de Taiwan, e depois o sucessor, Lai, em maio último.
Pequim descreveu Lai como "um separatista" e acusou-o, na terça-feira, de alimentar "hostilidades", depois de Lai ter dito "ser impossível" que a China comunista fosse a "pátria mãe" dos taiwaneses.
Pequim intensificou a pressão militar e política sobre Taiwan nos últimos anos. E advertiu várias vezes de que não abdicará de recorrer à força para recuperar o controlo do território.
Nos últimos dois anos, organizou três séries de manobras em grande escala, com força aérea e marinha para cercar a ilha.
Pequim também envia navios de guerra e aviões de combate para patrulhar Taiwan quase diariamente.
Vinte e sete aviões militares chineses e nove navios da marinha chinesa foram identificados em redor da ilha nas últimas 24 horas, entre quarta e hoje, disse o Ministério da Defesa de Taiwan.
Entre os convidados estrangeiros que estão nas celebrações do Dia Nacional de Taiwan contam-se três membros do Congresso dos Estados Unidos e altos funcionários de vários dos 12 Estados que ainda mantêm relações diplomáticas com Taiwan.
Desde 1979 que Washington reconhece Pequim como o único governo legítimo de toda a China, em detrimento de Taipé, mas continua a ser o aliado mais poderoso de Taiwan e o seu principal fornecedor de armas.