Papa pede a Davos uma visão que coloca o homem no centro
21-01-2020 - 12:06
 • Filipe d'Avillez

A injustiça nasce das estratégias materialistas ou utilitárias, movidas por egoísmo, avisa Francisco, numa mensagem escrita que foi lida esta terça-feira aos participantes no Fórum de Davos.

O Papa Francisco desafiou esta terça-feira os participantes no Fórum Mundial Económico de Davos, na Suíça, a manter sempre o homem no centro das suas visões económicas e ambientais.

Num discurso assinado por Francisco e entregue pelo cardeal Peter Turkson, que representou o Santo Padre no Fórum, o Papa sublinhou ainda a importância de uma ecologia integral, que se preocupa com o homem e não apenas com o planeta.

Mas o conceito que liga todas estas preocupações, “e que jamais devemos esquecer, é que somos todos membros da mesma família humana”.

“A obrigação moral de cuidar uns dos outros deriva deste facto, tal como o princípio de colocar o homem, e não apenas a procura do poder e do lucro, no centro da política pública.”

Um dever, diz o Papa, que não diz apenas respeito a instituições religiosas ou sociais, “mas aos setores empresariais e aos governos, e é indispensável na busca por soluções equitativas aos desafios que enfrentamos. O resultado é que é necessário ir para além de abordagens tecnológicas ou económicas de curto prazo e tomar em consideração a dimensão ética na busca por soluções para os problemas presentes, ou ao propor iniciativas para o futuro.”

O problema, acrescenta Francisco, é quando as visões materialistas ou utilitaristas “por vezes disfarçadas, outras vezes celebradas, conduzem a práticas e estruturas motivadas em larga medida, ou apenas, pelo interesse próprio.”

Esta visão encara o homem “como um meio para atingir um fim e implica uma falta de solidariedade e de caridade, o que por sua vez dá aso a verdadeiras injustiças”.

Por sua vez, um verdadeiro desenvolvimento humano apenas pode florescer quando “todos os membros da família humana são incluídos em, e contribuem para, a busca pelo bem comum.”

“Ao procurar o progresso genuíno, recordemo-nos que ao espezinhar a dignidade dos outro, estamos de facto a menorizar o nosso próprio valor”, conclui Francisco.