O mercado da habitação vai dando sinais de abrandamento, mas os preços das casas continuam demasiado elevados, sobretudo para as carteiras remediadas.
Uma agência imobiliária facilmente pede mais de 300 mil euros por um T4 que até pode estar em bom estado, mas torna-se incomportável, a menos o banco lhe empreste o máximo, que são 80% do valor do imóvel.
O risco que corre é o de passar a trabalhar para pagar a casa e pouco mais ou, no pior dos cenários, deixar de ter como pagar o empréstimo e entregar a casa ao banco. Aconteceu com muita gente nos anos difíceis da crise.
Em 2012, os bancos ofereciam descontos até 30% na venda dos imóveis em carteira, aqueles que foram herdados por incumprimento dos contratos de crédito à habitação que era concedido com tanta facilidade que bastava o cliente pedir 100% do montante que era garantido.
Desde essa altura, muita coisa mudou, embora os bancos estejam – lentamente – a facilitar de novo o acesso ao crédito.
Em 2018, foram celebrados 88 mil novos contratos de crédito para compra de casa, mais 13% do que no ano anterior.
Em regra, o imóvel é a garantia que se dá para os casos de incumprimento da dívida. Foi assim em 99,3% dos casos. Os restantes 0,7% são pouco mais de 500 imóveis em que o banco concedeu 59 milhões de créditos sem quaisquer garantias dos imóveis.
Numa altura em que pairam os receios de uma nova crise económica, dá que pensar.
Este ano bancos já emprestaram 27 milhões
No primeiro semestre de 2019, os bancos portugueses emprestaram 27 milhões de euros por dia para a compra de casa, o valor mais elevado desde 2010.
Certamente conhece casos de famílias que deixaram de pagar os créditos e acabaram por saldar as dívidas, entregando a casa às instituições de crédito.
A carteira de imóveis dos seis maiores bancos portugueses tem 24 mil imóveis avaliados em 4,3 mil milhões de euros. E é claro que os bancos têm todo o interesse em se desfazerem destas casas, porque não são agências imobiliárias.
Para o consumidor, a compra de uma casa penhorada pode ser um ótimo investimento.
Se está a pensar a sério no assunto, saiba, então, que as regras de concessão de crédito são diferentes das praticadas numa compra tradicional: de 80%, o valor que o banco empresta ao cliente pode ir até aos 100%; depois não é necessária a avaliação do imóvel – com todos os encargos que isso implica.
Finalmente, os spreads são mais baixos e o prazo do crédito pode ir até aos 50 anos, o que é muito bom para quem assume o encargo da casa como uma despesa para a vida a pagar em suaves prestações.
Claro que fica sujeito ao stock existente, às condições do banco e à localização do imóvel.
E para que não tenha mesmo problemas, certifique-se de que o anterior proprietário não tem dívidas de água, luz, gás e outras despesas. Senão, corre o risco de receber uma ou outra surpresa desagradável na caixa do correio.