Depois de deixar a vida militar, no final do ano, o almirante Gouveia e Melo promete esclarecer se vai ou não avançar com uma candidatura à Presidência da República.
"A 100 dias do fim do mandato não vou limitar as opções que podem ser tomadas", declarou o chefe de Estado Maior da Armada e ex-coordenador do plano de vacinação contra a covid-19, em entrevista à RTP3.
Para avançar com uma candidatura a Presidente da República, Gouveia e Melo afirma que, desde logo, tem que sentir que pode ser útil a Portugal.
"Primeiro, tenho que sentir que a candidatura tinha que ser útil para o país e isso é o ‘se’ muito grande. E depois se avançaria ou não é outro ‘se’", sublinha.
Gouveia e Melo considera que nesta altura, em que ainda é militar no ativo, só tem duas opções: “ou não responde ou responde que não, porque responder que sim é tomar uma posição política”.
“Isso é contra o meu estatuto militar. Fazerem-me essa pergunta, só tem uma resposta: ou é não para me condicionar, e de alguma forma perco a liberdade de dizer qualquer coisa no futuro, ou dizer ‘nim’, que é não e sim”, sublinha.
Gouveia e Melo diz que, para a sua liberdade não ficar "cerceada", neste momento a sua resposta só pode ser: “Não incluo nem excluo a possibilidade da candidatura”.
Ex-militares fora da política? "Uma ideia quase anti-democrática"
Para o atual chefe do Estado Maior da Armada, dizer que um militar não pode desempenhar um cargo político “é uma ideia quase anti-democrática”.
“Um militar quando deixa de ser militar é um cidadão como outro qualquer. A população é que tem que escolher, pelo voto, se esse cidadão merece ou não a confiança. Não é uma click política ou um grupo de comentadores que vai condicionar um cidadão a apresentar-se ou não a eleições. No fim, quem vai escolher são os cidadãos livres, através do voto”, sublinha.
“Que ninguém venha condicionar a minha liberdade, porque aí sim ficarei aborrecido, porque acho que nós não devemos ser condicionados nas liberdades garantidas por lei”, sublinha Gouveia e Melo, que agradece aos portugueses o "carinho" com que é tratado após o seu trabalho durante a pandemia de covid-19.
O almirante confessa que, muitas vezes, a população incentiva-o a concorrer às eleições presidenciais. "Sim. Muitas vezes dizem: concorra, concorra, tem o meu voto".
Gouveia e Melo dá o exemplo do general Ramalho Eanes. “O último militar que esteve na política foi um indivíduo extraordinário que fez uma transição depois do fim da ditadura, num período conturbado, em que estivemos quase a entrar noutra ditadura, para um período completamente democrático que vivemos agora”, recorda.
As eleições presidenciais estão marcadas para 2026.