"É mais seguro viver no Algarve do que no Reino Unido"
07-07-2020 - 08:49
 • Anabela Góis , Beatriz Lopes

Marcelo Rebelo de Sousa foi ao Algarve apelar aos portugueses para que lutem pelo turismo na região. A Renascença ouviu dois responsáveis algarvios sobre o assunto e ambos falam de grandes prejuízos para a região.

É tarde demais. O presidente da Comunidade Intermunicipal do Algarve (AMAL) considera que a decisão do governo britânico de só rever no dia 27 a lista de países isentos de quarentena, nas chegadas ao Reino Unido, vai ter um grande impacto nos setores do turismo e restauração algarvios.

Em entrevista à Renascença, António Pina fala num verão praticamente perdido, face aos prejuízos que se preveem, e deixa um recado a Londres.

"Dia 27 já é tarde. Já perdemos o julho e corremos o risco de que os ingleses que normalmente marcam as suas férias em agosto não fiquem à espera do dia 27 para saber se marcam férias em Portugal e no Algarve ou não. É tão tarde que pode pôr também em risco o agosto. É uma situação que continuamos a lamentar e que é profundamente injusta. A única coisa que podemos dizer é que é mais seguro viver no Algarve que no Reino Unido. Nós no Algarve à data de ontem [segunda-feira] tínhamos apenas sete pessoas em cuidados hospitalares, das quais nenhuma em cuidados intensivos", atira.

O Presidente da AMAL diz que ainda é cedo para fazer contas aos prejuízos, mas alerta que "a ocupação das unidades hoteleiras que estão abertas não chega aos 30%".

Já José Vitorino, presidente da União Empresarial do Algarve diz ser necessário apurar responsabilidades, mas também apostar em mercados alternativos e que não vale a pena lamentações.

"Essa decisão do reino unido exige um esclarecimento aprofundado e detalhado daquilo que até hoje não se soube nada. É preciso saber o que é que o Governo pôs em cima da mesa nas negociações com o Reino Unido. O país exige que se saiba isso. Exige que se responsabilize quem eventualmente seja responsável por estes muito milhões que acarretam uma decisão desta natureza. Não podemos andar aqui todos a lamuriar-nos. O que temos de fazer é juntar forças regionais para diversificar mercados porque se dependemos de um mercado 15% ou 20% é uma coisa se dependemos a 60% é outra."

José Vitorino aponta os mercados alemão, nórdico e francês como alternativas a explorar, contudo, recorda que "há 40 ou 50 anos que se fala na dependência do turismo britânico". Para combater a situação, o presidente da União Empresarial do Algarve defende que a Região Turismo do Algarve possa fazer a sua própria promoção.

"O que está em causa, em primeiro lugar, é o estatuto errado que tem sido atribuído à Região Turismo do Algarve. Como grande responsável pela maior região turística do país, exige um estatuto próprio, para que possa fazer a sua promoção externa. Hoje a promoção é nacional e essa promoção nacional que é feita não responde às necessidades do Algarve. Tanto não responde que a dependência destes mercados se mantém passem cinco, 10 ou 20 anos", sublinha.

A reavaliação da lista de países isentos de quarentena nas chegadas ao Reino Unido, da qual Portugal foi excluído devido aos surtos de Covid-19, vai ser feita em 27 de julho.

Londres publicou na sexta-feira passada uma lista de 59 países e territórios, incluindo Alemanha, Austrália, Espanha, França, Grécia ou Macau, cujos viajantes deixam de ter de ficar em isolamento durante 14 dias à chegada ao Reino Unido a partir de 10 de julho.