Ana Gomes critica "querelas ideológicas", mas Marcelo diz que capacidade dos privados também está no “limite”
18-01-2021 - 10:18
 • Fábio Monteiro

Perante a ideia de requisição civil, Marcelo Rebelo de Sousa apareceu, mais uma vez, como contrapeso. O atual Presidente da República disse que a ideia que os privados têm capacidade para dar resposta aos doentes covid é errada e que até agora “não foi necessária”.

No combate à pandemia e a menos de uma semana das eleições presidenciais, Ana Gomes, Marisa Matias e João Ferreira estão em sintonia. Os três candidatos apoiados pelos partidos de esquerda, no debate transmitido na Renascença, Antena 1 e TSF esta segunda-feira, defenderam que perante o período excecional que o país vive o Presidente da República devia ter aconselhado o Governo a avançar com a requisição civil dos privados e não ter sido uma força de bloqueio.

Ana Gomes garantiu que se fosse Presidente da República não permitiria “querelas ideológicas” sobre os privados e o reforço do SNS. Marisa Matias afirmou que “para situações excecionais temos que ter medidas excecionais” e que só requisitando “todos os meios é que podemos ter capacidade de resposta”.

Já João Ferreira apareceu a cobrar um compromisso do Governo. No Orçamento de Estado para 2021, o Governo comprometeu-se a reforçar as unidades de cuidados intensivos da rede do SNS com 400 camas e contratação de profissionais.

“Desde logo reforçar a resposta das unidades de saúde, temos os meios necessários previstos no Orçamento de Estado, já em janeiro, onde ficou previsto o reforço do número de camas em cuidados intensivos e aumento correspondente de meios humanos”, disse o candidato comunista.

Perante a ideia de requisição civil, Marcelo Rebelo de Sousa apareceu, mais uma vez, como contrapeso. O atual Presidente da República disse que a ideia que os privados têm capacidade para dar resposta aos doentes com Covid-19 é errada e que até agora “não foi necessária”. Aliás, “a capacidade dos privados está neste momento perto do limite”, disse.

Mayan critica “abordagem errática” do Governo

Tiago Mayan, o candidato apoiado pela Iniciativa Liberal, assumiu que o SNS chegou nos últimos dias a um “ponto de aparente rutura”, mas que “não foi por falta de estado de emergência”.

“Estamos já há dois meses e meio em estado de emergência, isto não é novo. E chegámos a este ponto de aparente rutura, em que parece que iremos enfrentar o que já vimos em Itália e Espanha e março, mas estamos em janeiro, dez meses depois. Chegámos a este ponto, não foi por falta de estado de emergência certamente”, atirou.

O candidato liberal acusou o Governo de uma “abordagem totalmente errática” na concretização das medidas de confinamento. Ora, para Mayan deve a longa lista de exceções contempladas pelo Executivo de António Costa no diploma do último estado de emergência dever ser melhor “definido” e transmitido claramente.

“Foi o Governo que determinou determinadas medidas de confinamento com um conjunto de exceções. Não me cabe a mim definir [se são muitas ou poucas]. O Governo é que tem de definir quais são, informar os cidadãos claramente e assumir as responsabilidades”, disse.

Campanha em tempos de pandemia? Tino diz que “não”

Para Vitorino Silva, os políticos “devem descer à terra” se pedem ao povo para estar em casa, eles devem dar o mesmo exemplo. Segundo o candidato presidencial, neste momento, nenhum candidato devia andar em campanha.

“Só estou aqui hoje em respeito pelos meus adversários e pelos jornalistas, mas depois daqui vou para casa”, afirmou.

O candidato André Ventura não participou do debate, invocando razões de agenda.

A organização do debate entendeu que “a participação à distância só seria aceite em caso de algum dos candidatos estar em situação de isolamento profilático ou de doença”.