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"Foi um acidente um bocado estranho, porque normalmente estas coisas acontecem devido a elementos completamente externos em passagens de nível com uma pessoa, ou um veículo, é esse o tipo de acidente mais frequente", defende à Renascença Francisco Furtado, especialista em ferrovias e analista do Fórum Internacional dos Transportes Francisco Furtado, sobre o acidente na Linha do Norte, em Soure, que esta sexta-feira vitimou duas pessoas e feriu 43, sete delas com gravidade.
Francisco Furtado relata que neste caso foi um equipamento de manutenção que veio de um ramal de acesso, que entrou na linha principal e chocou com um Alfa Pendular. "É um bocado estranho porque há equipamentos de segurança, quer na infraestrutura quer no material circulante. A Linha do Norte está bem equipada com este tipo de material", identifica o autor do livro "A ferrovia em Portugal".
Por isso, o especialista acredita que "o veículo de manutenção teve alguma falta de comunicação, porque a Infraestruturas de Portugal têm um comando operacional, que comanda a operação dos comboios" . "É estranho como é que este veículo entre na via principal quando la está um Alfa Pendular", repete.
Professor em Inglaterra, o analista avança ainda que as linhas ferroviárias estão divididas em blocos ou cantões, e que "quando há veículos nesse bloco não pode haver mais" no mesmo espaço.
"O que deveria ter acontecido é que havendo um comboio que se aproximava a alta velocidade, o sinal devia estar fechado e o veículo de manutenção não devia ter entrado na linha", avança.
Em relação às palavras do ministro das Infraestruturas, Pedro Nuno Santos, que defendeu que a Linha do Norte tem um sistema de sinalização de topo em termos tecnológicos, Francisco Furtado não poderia estar mais de acordo com o governante.
"Não é uma opinião, é um facto, sobretudo na linha do Norte, mas também em outras zonas da ferrovia portuguesa. É um sistema bastante avançado de controlo da velocidade e de segurança. O sistema de tráfego é bastante avançado", remata.
O descarrilamento do comboio, que seguia no sentido Sul-Norte, ocorreu após o embate entre o Alfa Pendular e uma máquina de trabalho, tendo o alerta sido dado às 15h30, afirmou fonte da Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil (ANEPC) à agência Lusa.
O embate ocorreu na zona de Casalinhos, concelho de Soure. O Gabinete de Prevenção e Investigação de Acidentes com Aeronaves e de Acidentes Ferroviários revelou, entretanto, que vai investigar o acidente.Fonte do GPIAAF disse à agência Lusa que a equipa de investigação já está a caminho do local para dar início às investigações e apurar as circunstâncias em que se deu o acidente.