“Contas de Rezar - Diálogos Entre Culturas e Artes” é o nome da exposição que decorre em simultâneo no Museu de Arte Sacra de Macedo de Cavaleiros, no Museu Abade de Baçal, em Bragança e no Museu Terras de Miranda, num espaço da Concatedral, em Miranda do Douro.
Uma iniciativa que se prolonga até à primavera e que, segundo os promotores, “assinala o reforço da intenção de colaboração institucional entre os parceiros que nela se associam”.
Na exposição “Contas de Rezar” é possível ver centenas de instrumentos de oração de diferentes religiões, da coleção privada de Júlia Lourenço, investigadora da Universidade do Minho, que há 25 anos coleciona terços, rosários e contas de oração de diversas religiões.
As contas de rezar, acessíveis ao público, são transversais a todas as religiões, ao longo das épocas culturais e expressam a arte de rezar, a fé e os diálogos entre culturas e artes.
São “uma viagem pelas várias religiões” com “contas de rezar” de diferentes proveniências, nomeadamente terços ou rosários católicos, japa malas hindus, odyuzu budistas, masbahas muçulmanos ou cordões de oração feitos de diferentes materiais”, refere Elsa Escobar, vereadora do município de Macedo de Cavaleiros, responsável pelo pelouro da cultura.
No Museu do Abade de Baçal de Bragança, a par da coleção particular de Júlia Lourenço, será possível ver outros objetos da coleção do Museu e ainda um conjunto de diferentes peças provenientes de várias igrejas da Diocese de Bragança-Miranda.
As peças locais permitirão ao visitante conhecer “exemplos da representação destes auxiliares à oração, no contexto litúrgico de pequenas comunidades rurais do território transmontano e a sua integração e difusão no contexto da religiosidade quotidiana e doméstica”.
Júlia Lourenço, professora e investigadora da Escola de Engenharia da Universidade do Minho, começou a colecionar instrumentos de oração e meditação em 1993, quando a então presidente da Junta de Freguesia do Pinhão lhe ofereceu o terço e caixa que foram de seu pai, o primeiro presidente da freguesia do Pinhão. Peças icónicas, em filigrana de prata e prata. Este foi o início.
A partir daqui, Júlia Lourenço sentiu a responsabilidade de “fazer algo com aquilo”. Em 2013, realizou a primeira exposição das “Contas de Rezar”, em Guimarães, com cerca de 145 peças.
Atualmente, a colecionadora possui “mais de duas mil peças” feitas em diferentes materiais, desde osso de rena da Finlândia, pastilha decorativa de Itália, ónix, ágata, cortiça, tecido, botões, a papel ou fósforos.