Elevada emigração traz graves problemas demográficos para Portugal
30-09-2015 - 11:09
 • Hugo Monteiro

Menos gente e população mais envelhecida estão entre os efeitos da saída de portugueses. Mais de 100 mil pessoas abandonaram o país em 2014.

A presidente da Associação Portuguesa de Demografia alerta para as consequências graves dos elevados índices de emigração em Portugal.

“Primeiro, tem um impacto imediato na diminuição da dimensão da população” e, “em segundo lugar, faz aumentar os índices de envelhecimento do país”, afirma Maria Filomena Mendes, em entrevista à Renascença.

“Aqueles que emigram são, normalmente, as pessoas mais jovens”, sublinha, o que, por outro lado, “implica a diminuição da população activa”.

“Quem emigra é quem está em idade de casar e de ter filhos”, pelo que a emigração vai também “diminuir o número de nascimentos”, avisa ainda.

A presidente da Associação Portuguesa de Demografia reconhece que permanece, entre os jovens, a ideia de que só no exterior será possível encontrar melhores condições de vida, pelo que considera que só uma efectiva recuperação da economia poderá fazer inverter o actual ciclo de saída.

O pior, acrescenta Maria Filomena Mendes, é que “a saída dos jovens não corresponde apenas a uma melhoria das suas qualificações” – que os faria regressar num futuro próximo – “mas a uma necessidade em termos do mercado de trabalho”.

“Torna tudo mais complicado, porque temos estes jovens na faixa etária dos 20 aos 30 anos, mas também temos pessoas mais velhas, de 40, 45 anos, que emigram porque aqui não conseguem mesmo encontrar trabalho”, remata.

Os números do Observatório da Emigração conhecidos esta quarta-feira indicam que, ao contrário da expectativa, a emigração continua elevada em Portugal, tendo estabilizado em alta em 2014 face a 2013, nos 110 mil por ano.

Reino Unido, Suíça, França, Alemanha e Espanha são os destinos preferidos dos portugueses.