Patriarca. Coligação PSD-CDS-PS seria "mais natural"
14-10-2015 - 23:45

Cardeal patriarca lembra que a coligação e o PS formam "uma grande maioria no próximo Parlamento" e que, por isso, seria "mais natural que o acordo surja dentro deste conjunto do que fora deste conjunto”.

O cardeal patriarca de Lisboa mostra-se preocupado com a actual situação política portuguesa.

Em entrevista à Renascença, D. Manuel Clemente teme que a instabilidade política pós-eleitoral possa pôr em causa a consolidação alcançada até agora.

“O que sobretudo me preocupa é que, se alguma instabilidade continuar, possa pôr em causa alguma consolidação que efectivamente se tem feito, atendendo aos dados que vão sendo publicados. Acredito que, quer relação a essas forças, quer em relação às outras duas forças [Bloco e CDU] que têm agora mais expressão parlamentar, vingue o interesse nacional”, disse.

Clemente, que está no Vaticano a participar no sínodo da família, lembra que “ao longo destes 4/5 anos – desde que nós pedimos a assistência internacional – houve um caminho que se seguiu e que estava mais ou menos enquadrado por um acordo que tinha na base três forças políticas (o PS e a actual coligação) – com divergências quanto aos ritmos, mas uma base comum de entendimento nacional e internacional”.

"Juntando essa coligação ao PS isto forma uma grande maioria no próximo Parlamento. Parece-me mais natural que o acordo surja dentro deste conjunto do que fora deste conjunto”, acrescentou.

Sínodo "no bom caminho"

Nesta conversa na Edição da Noite da Renascença, D. Manuel Clemente falou também dos trabalhos do sínodo. Continuam “no bom caminho”, “com boa vontade” e “ouvindo-nos uns aos outros”, embora haja “discrepâncias”.

O cardeal português fala da desagregação das famílias (lembrando “o grande êxodo das sociedades tradicionais para as cidades, para as periferias, com as emigrações – tanta gente que sai do país à procura de outras viabilidades profissionais”) e defende que a “valorização do papel das famílias” deve ser acolhida pela igreja e pela “legislação dos Estados”.

D. Manuel Clemente defendeu ainda que o Papa Francisco deveria fazer um documento a partir do relatório final do sínodo.

No debate de actualidade religiosa da Edição da Noite da Renascença participaram também a vaticanista Aura Miguel e o juiz Pedro Vaz Patto.