OMS teme agravamento da epidemia de coronavírus
10-02-2020 - 18:13
 • Filipe d'Avillez com Reuters

O líder da organização diz que os casos de transmissão a pessoas sem histórico de viagens à China pode ser uma faísca que conduz a um incêndio.

A OMS teme que a epidemia de coronavírus se agrave nos próximos tempos, com o surgimento de casos de transmissão a pessoas que não têm historial de viagens à China.

No dia em que o número de mortos subiu para 910 – tendo-se registado no domingo o maior número de mortos (97) num só dia – Tedros Adhanom Ghebreyesus, o responsável máximo da Organização Mundial de Saúde, apontou para os casos de contágio fora da China dizendo tratar-se apenas de uma faísca, mas que pode ter consequências graves.

“Pode ser uma faísca que conduz a um incêndio maior. Por enquanto é apenas uma faísca. O nosso objetivo continua a ser a contenção”, afirma.

O etíope apela à união. “Temos de lutar com força, enquanto raça humana, para combater este vírus antes que se torne incontrolável”.

Um dos casos de transmissão com estas características foi em França, outra no Reino Unido.

Um grupo de especialistas da OMS chegou, entretanto, à China com o objetivo de “juntar os maiores especialistas em ciência e saúde pública da China e do mundo”, segundo o porta-voz Mike Ryan, que falava a partir de Genebra.

Com o número total de mortos muito próximo de ultrapassar a barreira dos mil, a China está a começar a tentar voltar à normalidade depois das férias do Ano Novo Chinês, que foram alargadas em dez dias em todo o país.

Em muitas cidades, apenas uma pequena percentagem dos trabalhadores voltou para o trabalho, com muitos outros a escolher trabalhar a partir de casa. Mas em Hubei, a província onde se encontra a cidade de Wuhan onde o surto começou, a vida continua em suspenso com transportes e aeroportos encerrados e estradas cortadas.

A epidemia de coronavírus está a ter graves consequências para a economia chinesa, com o Banco Central Chinês a recorrer a medidas extraordinárias para tentar ajudar as empresas a fazer face à paralisação laboral forçada que se tem registado em grande parte do país.

Nem todas as notícias são más, contudo. Apesar de o número de mortes ter ultrapassado os 900, e de haver dezenas de milhares de infetados, cresce também de dia para dia o número de pessoas total ou parcialmente curadas de coronavírus. Atualmente 3.578 pessoas recuperaram da doença, um número quase quatro vezes superior ao de mortos.