Cluster aeronáutico de Évora ganha asas e mostra-se em Lisboa
01-02-2017 - 08:22
 • Rosário Silva

Considerada “empresa âncora” na região, a Embraer é a terceira maior construtora mundial de aeronaves comerciais, a seguir à europeia Airbus e à norte-americana Boeing.

Decorre, esta quarta e quinta-feira, o Aerospace Meetings Lisboa, onde vai estar representado o Parque de Indústria Aeronáutica de Évora (PIAE).

Considerado o evento “BtoB” mais importante em Portugal, o Aerospace Meetings Lisboa é promovido pela Associação Portuguesa de Indústria Aeronáutica e conta com o município de Évora como um dos parceiros institucionais.

Durante dois dias, a iniciativa vai acolher, no centro de congressos da capital, "representantes de algumas das mais importantes empresas aeronáuticas do mundo", promovendo a troca de contactos entre potenciais investidores, segundo diz à Renascença o presidente da Câmara de Évora, Carlos Pinto de Sá.

Do parque ao “cluster”

Considerada “empresa âncora” na região, a Embraer é a terceira maior construtora mundial de aeronaves comerciais, a seguir à europeia Airbus e à norte-americana Boeing.

Está em Évora desde 2012, altura em que, num investimento de cerca de 148 milhões de euros, concretizou a aposta no mercado português com a construção de duas fábricas: a Embraer Metálicas, para produção de estruturas metálicas, e a Embraer Compósitos, especializada em materiais compósitos.

Em 2016, a construtora brasileira revelava um novo investimento global de quase 100 milhões de euros para ampliar e equipar as suas unidades para a produção de uma nova geração de aviões comerciais.

Nasce o Parque de Indústria Aeronáutica de Évora (PIAE) e começa a tomar forma um “cluster” aeronáutico.

“A Embraer, a nossa empresa âncora, depois de um investimento significativo inicial, tem neste momento em curso um investimento adicional de cerca de 100 milhões de euros na expansão das duas fábricas para assim poder dar reposta à produção de componentes de outros tipos de avião que está a construir”, refere à Renascença o autarca de Évora.

Dado o pontapé de saída, há agora mais “seis ou sete empresas que acrescentam um investimento de mais 70 milhões de euros, o que globalmente dá 170 milhões”, aponta Carlos Pinto de Sá.

Nesta carteira de investidores destaca-se “a Mecachrome, uma empresa de origem francesa que está a investir 30 milhões de euros e que vai criar, no imediato, cerca de 100 postos de trabalho, devendo iniciar a laboração no primeiro semestre deste ano”.

“Será uma empresa de grande relevância para este ‘cluster’ aeronáutico, onde constam investimentos de outras empresas, como a Aerolesa, a francesa Lauak e a Optimal”, acrescenta Pinto de Sá.

A procura de terreno por parte de investidores leva agora a Câmara de Évora a equacionar avançar com a expansão do PIAE, refere, “uma vez que está praticamente esgotado o terreno que tínhamos disponível para esta primeira fase do parque aeronáutico”.

Investigação e formação

Para o presidente do município alentejano, um “cluster” não pode ficar apenas pelas empresas e pelo tecido produtivo. “É importante termos a componente da investigação e a Embraer dá um importante contributo com a instalação do seu segundo centro de engenharia, em Évora, que faz investigação e desenvolvimento”, realça.

Na componente da formação, o autarca reconhece o importante papel do Instituto de Emprego e Formação Profissional e espera que a própria Universidade de Évora pondere a possibilidade de ampliar a sua oferta formativa.

“A instituição já tem, por exemplo, a área da Mecatrónica, mas há seguramente outras em que se pode apostar”, defende.

Pinto de Sá sublinha que este “cluster, para ser realidade, não pode ser apenas produção, mas sim um conjunto interligado que envolva produção, investigação, desenvolvimento e formação, ou seja, tudo o que possa articular-se com outros sectores da economia local, regional e nacional”.

Postos de trabalho para a região, mas nem todos da região

Actualmente, a Embraer dá emprego directo a cerca de 400 pessoas. Com os investimentos em curso, da construtora brasileira e das outras empresas, dentro de dois a três anos poder-se-á chegar perto dos mil postos de trabalho.

A região tem, porém, um problema de insuficiência de resposta nesta área. A mão-de-obra qualificada é uma necessidade e é preciso recrutar lá fora, o que para o autarca deve ser visto de forma positiva.

“Não é necessariamente mau, porque se vier gente nova para o Alentejo é uma forma de travarmos o despovoamento e atrairmos novas dinâmicas e mais gente para a região”.

Carlos Pinto de Sá revela que a região está a preparar-se para receber quem vier de novo.

“Por exemplo, com a Mecachrome fizemos alguns acordos relativamente à possibilidade de facilitar, nos primeiros anos, habitação para as famílias que se queiram instalar e que venham para a aeronáutica e estamos também a trabalhar para trazer pessoas que nos possam ajudar neste processo de qualificação de pessoal”.

Para se dar a conhecer, o PIAE promove-se no Aerospace Meetings Lisboa, nos dias 1 e 2 de Fevereiro.