Caso Maddie. Porque é que a PJ volta a investigar o desaparecimento 16 anos depois?
23-05-2023 - 08:24
 • André Rodrigues

Até quarta-feira, as autoridades portuguesas vão estar a realizar perícias na Barragem do Arade, em Silves, a 50 quilómetros da Praia da Luz e do 'resort' de onde Madeleine McCann desapareceu em 2007. O local costumava ser frequentado por Christian Brueckner, o atual principal suspeito do desaparecimento de Maddie.

Dezasseis anos depois do desaparecimento de Madeleine McCann, a Polícia Judiciária volta a realizar buscas na zona da barragem do Arade, no concelho de Silves, no Algarve.

O regresso da PJ ao terreno está relacionado com uma Diretiva Europeia de Investigação, na sequência de um pedido das autoridades alemãs. As perícias vão centrar-se na barragem, situada a cerca de 50 quilómetros da Praia da Luz - mais concretamente, do resort em Lagos de onde a criança desapareceu, a 3 de maio de 2007, quando passava férias com os pais.

Porquê na barragem do Arade?

Porque é o local que costumava ser frequentado por Christian Brueckner, o alemão apontado como principal suspeito do desaparecimento de Maddie.

As buscas deverão decorrer entre esta terça-feira e quarta-feira e vão ser coordenadas pela PJ, que conta com o apoio das autoridades alemãs e britânicas.

Quem é o suspeito alemão?

Christian Brueckner, hoje com 45 anos, cumpre pena de prisão, na Alemanha, contando com um longo historial de violações e abusos. Aliás, o alemão chegou a Portugal, em 1995, precisamente para tentar escapar à acusação num alegado caso de abuso sexual de uma criança.

Terá regressado à Alemanha em 1999, mas, em 2005, regressou à Praia da Luz, altura em que terá violado uma cidadã norte-americana. A investigação foi encerrada um ano depois por falta de provas.

Em 2006, Brueckner foi condenado em Portugal por roubar gasóleo numa bomba. Um ano depois, a 3 de maio de 2007, Madeleine McCann desapareceu de um resort na Praia da Luz.

Quais são os indícios que ligam Brueckner ao desaparecimento de Maddie?

A resposta estará nos registos telefónicos que apontam para a localização de Christian Brueckner nas imediações do Ocean Club, precisamente na noite em que Madeleine McCann desapareceu.

Outro dado que parece ter sido decisivo para este regresso à barragem do Arade é o facto de, em agosto de 2020, a Scotland Yard ter anunciado a identificação de dois números de telemóvel: um deles usado pelo suspeito, que terá recebido uma chamada ao final da tarde de 3 de maio de 2007, e o outro de uma testemunha considerada significativa nas investigações.

Antes disso, já em meados de junho de 2020, o Ministério Público alemão dizia ter "indícios fortes" que sustentam a tese de que Maddie está morta, embora não tenha em seu poder as provas forenses que comprovem essa hipótese.

O suspeito alemão está implicado entre os "indícios fortes" sobre o caso?

Diretamente, não. Aparentemente, sim. E porquê? Porque, na altura, o procurador e porta-voz do Ministério Público da Alemanha adiantou que está a ser investigado "um cidadão alemão, à época com 43 anos, por suspeita de homicídio".

Ou seja, bate certo com a descrição de Christian Brueckner.

Mas os indícios apontados não deveriam já ter sido abordados na investigação inicial das autoridades portuguesas?

É uma hipótese que se pode levantar. Contudo, há uma série de indícios que foram sendo tornado públicos ao longo dos últimos anos, uma vez que se trata de uma investigação altamente complexa.

Certo é que as buscas por Madeleine McCann vão ser retomadas esta terça-feira pela Polícia Judiciária. O objetivo das perícias é tentar detetar eventuais vestígios do corpo de Maddie nas margens da barragem do Arade, em Silves, 16 anos depois do desaparecimento da menina inglesa.